Em tempos já remotos, o edifício eclético, com traços de art nouveau, construído na Praça Generoso Marques em 1916, abrigou as decisões políticas da cidade de Curitiba, quando lá funcionava a Prefeitura Municipal o que ocorreu até 1969. Pouco depois, em 1973, tornou-se sede do Museu Paranaense, guardando em si parte importante da história do estado, até 2002. Essa herança política e direcionada ao passado ficou para trás.
Quando reabrir suas portas, no dia 29 de março, o Paço da Liberdade nome que o prédio ganhou em definitivo ao ser tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional passará a fazer parte da dinâmica urbana da capital paranaense como um centro cultural, coordenado pelo Sesc-PR e adotando uma nova personalidade, voltada à inovação e ao acesso.
"O prédio do Paço da Liberdade surgiu como o mais moderno da época, com o primeiro elevador de Curitiba. Vamos retomar esse histórico de inovação", explica o assessor de imprensa Daniel Ferrarezi, que trabalhou junto a uma comissão para determinar os caminhos que a nova filial do Sesc-PR trilhará. Agentes culturais de outros cantos do país foram consultados, outros modelos de centros culturais serviram de inspiração, e a constatação de que faltava à cidade um espaço com essa característica pesou.
Na prática, significa que as novas tecnologias de produção e exibição terão o seu lugar, como um estúdio de arte eletrônica, para criação e edição de som, vídeo e instalações.
O primeiro andar do edifício ficou reservado para uma sala de exposições, onde a arte convencional deverá conviver com novas mídias. Haverá ainda uma sala de projeção de vídeos, de caráter não-comercial, mais indicada a mostras paralelas e à divulgação da produção paranaense.
"O maior propósito do Paço é abrir espaço para os artistas locais, para que facilite o acesso às ferramentas de produção e à circulação dos trabalhos", comenta Celise Niero, diretora do Sesc da Esquina. Disso decorre que a programação será muito mais voltada à produção cultural paranaense do que a atrair a arte de fora.
As bandas locais contarão com um estúdio de gravação, vinculado ao projeto Inventário Cultural do Paraná, desenvolvido pelo próprio Sesc, que organiza um banco de dados sobre as iniciativas culturais no estado.
Já as apresentações musicais acontecerão na Sala de Atos, cujo teto é coberto, desde sua construção, por uma ilustração clássica pintada à mão. Com um palco de proporções não muito grandes, o lugar deverá receber também espetáculos teatrais que não disponham de grandes cenários.
É uma pena que não haja uma ala específica para o teatro, ainda mais quando se leva em conta que o Sesc mantém alguns dos espaços mais importantes das artes cênicas nacionais, como o CPT, Centro de Pesquisa Teatral coordenado por Antunes Filho em São Paulo, e é responsável pela circulação de muitos espetáculos de qualidade pelas capitais e interior do país.
Mas há uma notícia boa. Obedecendo à promessa de contribuir para a revitalização da praça Generoso Marques, serão lançados editais para teatro de rua um "gênero" pouco difundido em Curitiba, mas que tem representantes de relevo em outros estados, como os gaúchos do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz.
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