“Los Pájaros Muertos” vale a pena

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Jackson Pollock, Paul Klee, Vassily Kandinski, Sarah Bernhardt, Agatha Christie, Guimarães Rosa, Jose Ortega Y Gasset… a companhia de dança La Veronal, de Barcelona, cita em diversos momentos de "Los Pájaros Muertos" o nome de artistas e políticos com quem o pintor Pablo Picasso manteve contato ao longo de seus 92 anos e que morreram antes dele. A apresentação de terça-feira abriu oficialmente o Festival.

No momento mais dramático dessa homenagem ao autor da Guernica, os bailarinos caem ao chão enquanto pássaros de pano despencam do céu, diante da Igreja da Ordem e do Bebedouro do Largo. O arremate cai bem como contraste após 50 minutos de uma abordagem humorística das tradições espanholas e francesas vividas pelo pintor.

Ficou interessante a junção do virtuosismo corporal dos integrantes da companhia com os diferentes talentos curitibanos selecionados para compor o elenco. São acréscimos bastante díspares. Há a experiência de Nereida Pereira, que dança flamenco e interpreta tão bem que se confunde com os membros da Veronal. Alguns outros revelaram um pouco de insegurança, olhando para os lados em busca de apoio em alguns momentos.

Os integrantes da companhia fazem ótimo uso dos idiomas francês e espanhol, alternando-o em momentos significativos. As falas de texto são quase todas em francês, reverenciando o longo período que o pintor passou na cidade das luzes, centro do mundo daquele início de século 20.

Um dos momentos mais marcantes traz duas bailarinas nuas sobre uma motoneta empunhando a bandeira da França, andando ao redor do palco de paralelepípedos do Bebedouro para aterrorizar os personagens hispano-beatos.

Agora em espanhol, surge a voz poderosa de uma cantora do grupo que embala a entrada de uma virgem em procissão – a atriz imóvel simula a queda da sua "figura de porcelana" para frente e para trás sobre as mãos hábeis da companhia.

Agora fica minha sugestão: vá ao Largo bem cedo, pegue lugar na arquibancada e aproveite muito.

ServiçoLos Pájaros MuertosBebedouro do Largo da Ordem. Dia 28, às 20 horas. Entrada franca.