Mexicana e famosa
Saiba mais sobre os bastidores de A Usurpadora:
Divulgação Estrelada por Gabriela Spanic e Fernando Colunga (foto), A Usurpadora é, na verdade, um remake. A trama original foi exibida em 1972, na Venezuela. Depois disso, em 1981, o canal mexicano Televisa chegou a produzir uma versão, batizada de El Hogar Que Yo Robé.
Daniela Spanic, gêmea de Gabriela, foi dublê de cena da irmã nas cenas em que Paola e Paulina contracenam. Não foi a primeira vez que Daniela e Gabriela estiveram juntas em cena: na novela Como Tú, Ninguna, as irmãs gravaram uma complicada cena de luta. Sim, Gabriela também interpretava gêmeas nesta trama.
Um especial, batizado de Más Allá de la Usurpadora (exibido no Brasil em 1999) mostrou o que aconteceu um ano depois do desfecho da trama. Acreditando estar doente, Paulina prepara uma substituta. Mas a moça não é o que parece, e ameaça sua felicidade.
Na Netflix, serviço de vídeo por streaming mediante assinatura, as novelas mexicanas são sucesso. Além de A Usurpadora, fazem parte do catálogo de folhetins do serviço no Brasil tramas mexicanas como Maria do Bairro, com Thalia, e tramas como Rubi, Rebelde, Marimar e Amigas e Rivais, entre outras. A lista está em constante atualização.
Eles adoram um chororô. De preferência provocado por uma maldade daquelas dignas de gargalhada, como só se vê nos melhores dramalhões mexicanos. Há quem torça o nariz para as mocinhas e vilões de sotaque hispânico, mas a audiência é cativa e bancada por fãs assumidos uma legião que cresce e vem se espalhando com a ajuda da internet, amplificada pela reprise de A Usurpadora, atualmente no ar no SBT.
Quando voltou a ser exibida no Brasil pela quarta vez, em janeiro deste ano, A Usurpadora abocanhou cinco pontos de audiência. Para o SBT, a performance da novela no Ibope foi considerada boa. No Twitter, os seguidores de Paulina e Paola (as gêmeas interpretadas por Gabriela Spanic), que disputam o amor de Carlos Daniel Bracho (vivido por Fernando Colunga), não economizaram hashtags.
Blogueira
Justíssimo, defende a blogueira e fã de carteirinha Marina Mello. Segundo ela, todo alarde é pouco quando se trata de exaltar a carga dramática que a trama condensa.
"O drama é exagerado, e esse é o ponto forte. É como se a novela fosse uma piada dela mesma. É o drama do drama, e é justamente isso o que cativa. Para quem escreve, não tem inspiração melhor", afirma ela, que diz ter perdido a conta de quantas vezes já assistiu às brigas das duas irmãs.
A paixão do estudante Marcelo Pereira Barra, de apenas 16 anos, também é antiga. Criador de uma página na internet em que agrega outros fãs ardorosos, ele guarda, em casa, um arsenal acumulado durante todos esses anos diante da tevê: pôsteres, revistas, reportagens, livros, broches, DVDs e CDs que vão de A Usurpadora à musa Thalia, estrela de outros clássicos do gênero. A primeira novela mexicana, ele diz, ninguém esquece.
"Eu vejo estas tramas desde pequeno. A criatividade dos escritores é algo inexplicável. E A Usurpadora é insuperável", diz acreditar o rapaz.
Trilogia
Junto com a trilogia das Marias (Maria Mercedes, Marimar e Maria do Bairro, todas estreladas por Thalia), A Usurpadora divide a preferência do público. Mas nem só de Gabriela Spanic, Thalia e Fernando Colunga é feito o elenco de estrelas que amolece o coração do telespectador. Há ainda Jacqueline Andere, Jaime Camil e Angélica Vale, a historiadora Priscila Gonçalves dos Santos faz questão de listar. Priscila criou uma página no Facebook voltada para fãs de todos os folhetins mexicanos. Lá, a interação vai bem além do virtual.
"Apesar de não terem tanta tecnologia ou muitos atores, essas novelas encantam pela simplicidade, tanto na produção quanto em seu enredo. É drama com humor e cultura local", explica ela, que reuniu um grupo de fãs para receber no Aeroporto de Guarulhos, no ano passado, a atriz Angélica Vale (de Amigas e Rivais e da versão mexicana da colombiana Betty, a Feia).
Além de servir de ponto de encontro para os fãs, a internet também é fonte. Muitas das tramas estão disponíveis na íntegra na Netflix (veja texto ao lado), serviço de vídeo online para assinantes. No YouTube, muitos trechos destas novelas estão lá, no idioma original. A enfermeira Fernanda Gomes Amorim usa suas horas vagas para vasculhar novidades e assistir a produções que ainda não chegaram por aqui.
"Assisto a novelas mexicanas diariamente. No idioma original, o drama fica mais intenso ainda."
Doutor em teledramaturgia brasileira e latino-americana pela Universidade de São Paulo (USP), Mauro Alencar diz que a euforia tem justificativa. A história, com um núcleo central forte, atrai a ação para os protagonistas. Sem contar que o embate entre irmãos gêmeos, o mote da trama, personifica a luta entre o bem e o mal.
"A Usurpadora reúne em sua estrutura todas as premissas básicas do melodrama", afirma Alencar, destacando o uso de personagens com perfis "bem delineados" no folhetim. "Sabemos em poucos minutos quem são os vilões, quem são os heróis, onde estão os personagens cômicos, enfim, conseguimos mapear a trama assistindo a apenas algumas cenas da novela."
"Quem sabe assim os fãs enrustidos saiam do armário", brinca a estudante Renata Mattos, que sempre vence a briga pela única televisão da casa. "Tenho amigos tão viciados em A Usurpadora quanto eu. A questão é que poucos assumem."
Pelo Mundo
O sucesso fora do México não é privilégio do território brasileiro. Tramas mexicanas agradam da Alemanha aos Estados Unidos, passando pela China, afirma o antropólogo Gonçalo Santos, do Instituto Max Planck.
"Tudo é afeto em novela mexicana. O mundo que esses folhetins retratam é um mundo no qual todos falam a linguagem das emoções."
Teorias e gostos à parte, a estudante de História Amanda Scott resume a questão: "A Usurpadora é a melhor novela mexicana que existe".
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