DVD
As Novelas do TV Pirata. Classificação indicativa: 14 anos. Som Livre. R$ 39,90.
Barbosa, o velhinho barrigudo e de mandíbula protuberante da TV Pirata fazia pouco além de repetir a última palavra de cada frase que ouvia. Ainda assim, tornou-se um dos personagens mais célebres do humorístico exibido na Globo de 1989 a 1992.
Agora, ele está de volta e reina no DVD As Novelas do TV Pirata, que reúne títulos como "Fogo no Rabo", "Rala Rala", "Sabrina, Os Diamantes Não São Para Comer" e "Prisão de Ventre".
Para Ney Latorraca, o intérprete, o segredo de Barbosa era ser "muito fofo". "Ele era muito carinhoso, encostava em qualquer coisa, numa porta, num vaso, e dizia poooorta, vaaaaaso. Era um velhinho sensual", afirma.
O ator diz ser chamado de "Barbosa" até hoje quando cumpre sua rotina de exercícios em espaços públicos.
A atriz Louise Cardoso, que vivia Clotilde, o par do velhinho em "Fogo no Rabo", diz que ficou conhecida nacionalmente pelo papel.
"Eu estava com Brecht e Shakespeare no teatro, mas quando eu andava na rua eu era a mulher do Barbosa", conta a atriz sobre o aposto que acabou por virar o título de sua biografia na coleção "Aplauso" (Imprensa Oficial).
A novela de Barbosa, "Fogo no Rabo", foi a primeira a ser produzida pelo humorístico e, para o roteirista Claudio Paiva, que assinava o texto final, foi a melhor. "É a mais engraçada, debochada. Depois a gente resolveu fazer algo com histórias próprias e acho que a gente nunca foi tão potente."
Como marca, a novela, uma paródia de Roda de Fogo (1986), tinha os clichês dos folhetins da época: núcleo rico, núcleo pobre, a música "Como uma Deusa", que surgia a cada vez que o nome do galã Reginaldo (Luís Fernando Guimarães) era pronunciado pela mocinha, irmãos gêmeos (seis, no caso), e veja bem, que avançado até um romance gay. "Sabrina, Os Diamantes Não São Para Comer" tinha uma proposta mais original. Escrita por Luis Fernando Veríssimo, era inspirada em romances baratos e contava a história de uma ex-manicure francesa (Débora Bloch) que fez fortuna ao ganhar diamantes dos nazistas. "Rala Rala" era anunciada como "a primeira novela rural sem Lima Duarte" e contava a história de um indígena sobrevivente. "Prisão de Ventre" mostrava um jogador de futebol falido em busca da perna desaparecida.
"O TV Pirata era picotado e, embora fossem bem loucas, as novelas tinham estrutura e continuidade. Era também uma estratégia de produção: a gente montava cenário e gravava seis episódios de uma vez", diz Paiva.
Para irem ao ar hoje, no entanto, Paiva diz que os folhetins teriam de ser atualizados. "A novela está mais moderna. Quando você vai debochar, o público não se identifica mais", afirma.
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