Lucíola contemporânea

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Nunca é demais lembrar que assistir a um filme ou peça baseados num livro indicado ao vestibular não substitui sua leitura. Mas acompanhar uma adaptação ajuda a ampliar as possibilidades de “decodificação” de símbolos e subtextos sugeridos pelo autor.

Pensando nisso, o grupo Grutun!, da UniBrasil, traz de volta o espetáculo Lucíola, versão para os palcos do livro de José de Alencar, listado entre as dez obras indicadas na categoria literatura à prova da Universidade Federal do Paraná.

Com direção de Alex Wolf, a peça estreou em setembro de 2014 numa linhagem que já teve Os Dois ou o Inglês Maquinista, de Martins Pena, e São Bernardo, de Graciliano Ramos, entre outros. A próxima investida do grupo será com Fogo Morto, de José Lins do Rego.

As apresentações acontecem nesta terça e quarta-feira (dias 5 e 6 de maio) no miniauditório do Guaíra em duas sessões diárias, às 18 e 20 horas.

Em sua encenação, Wolf conta ter optado por um estilo não realista, atualizando a linguagem da obra romântica publicada há um século e meio.

No enredo, Lucíola se vê coagida a se prostituir após uma doença que atinge sua família. Ela se vinga explorando seus amantes, até o dia em que se apaixona por um deles. O destino que ela enfrenta lembra o da Dama das Camélias, mas aqui entra um jogo intertextual que indica o quanto José de Alencar foi um escritor sofisticado: lá pelas tantas, a protagonista lê escondida a obra de Alexandre Dumas (filho), mas quando confrontada se recusa a conceber a trama de uma prostituta que ame muito. E chama a obra citada de “sacrilégio literário”.

Leitura aprofundada

Após as apresentações, grupo e diretor conduzem um debate destinado a tirar dúvidas e aprofundar as possibilidades de leitura com a plateia. “Conversamos sobre aquilo que eu e os alunos viram”, explica o diretor.

Wolf, conhecido pelas óperas que dirige, também promete para agosto um espetáculo de dança e canto lírico, a partir de trechos de ópera, com apresentações na Capela Santa Maria.