Trajetória
O cartaz surgiu há mais de dois séculos para divulgar espetáculos artísticos.
Século 18 Com a criação da técnica da litografia, surgem os primeiros cartazes artísticos, com o húngaro Aloys Senefelder.
Século 19 O francês Toulouse Lautrec e o alemão Thomas Theodor Heine aprofundam a arte do cartaz.
Século 20 Cartazes servem tanto para divulgar a guerra como movimentos democráticos, com destaque para a influência da estética soviética. Na Polônia, artistas de Cracóvia entram em contato com pintores europeus e fundam o "cartaz polaco".
Anos 50 e 60 A "era de ouro" do cartaz polonês vê nomes como Henryk Tomaszewski ascenderem. A metafísica e o surrealismo influenciam nos anos 70 artistas como Franciszek Starowieyski.
Anos 90 Nas duas últimas décadas, Piotr Kunce surge como um dos principais destaques do cartaz polonês.
Fonte: Ivens Fontoura/MON
Quem tem a casa abarrotada de cartazes que já estiveram estampados pelos corredores de teatros e universidades não pode perder a passagem por Curitiba de um dos principais nomes dessa arte. O polonês Piotr Kunce faz palestra hoje, às 19 horas, no Museu Oscar Niemeyer (MON), seguido por um bate-papo com designers da cidade e pela abertura de uma exposição com 84 de suas peças, instalada na torre do museu (confira o serviço completo da exposição).
"A intenção é situar o cartaz no contexto atual e debater os desafios e oportunidades surgidos com as novas tecnologias", disse à reportagem a cônsul-geral da Polônia em Curitiba, Dorota Barys.
Kunce, que fica na cidade para um workshop com estudantes entre os dias 11 e 16 de agosto, é hoje um dos principais nomes da arte em cartazes na Polônia país que se destaca na criação gráfica desde o fim do século 19. Já em 1899, o diretor do Museu Técnico Industrial de Cracóvia, Jan Wdowiszewski, organizou a Primeira Exposição Internacional do Cartaz.
Com o contato de artistas poloneses com as vanguardas de outros países europeus, essa tradição se desenvolveu até atingir nas décadas de 50 e 60 um "período de ouro", com destaque para Henryk Tomaszewski.
Propaganda oficial
Para Dorota Barys, uma das explicações para a proeminência da técnica no país foi, paradoxalmente, o fato de os artistas da época serem financiados pelo Estado o que resultou, também, na divulgação da propaganda estatal pelas ruas.
Com a entrada da economia de mercado nos anos 90, o cartaz polonês mudou bastante, e muita gente lamentou a expulsão do cartaz artístico para as galerias. É nesse cenário que, nos últimos vinte anos, Kunce rouba a cena com criações de cores muito vibrantes e temas bastante contemporâneos que remetem à colagem. Entre suas alusões reincidentes estão bonecas, animais e rostos humanos deformados por interferências de objetos e luzes.
O professor de Design Ivens Fontoura, que escreveu o texto do folder da exposição de Kunce no MON, destaca entre sua obra duas peças: uma criada para o Festival de Cinema XV Etiuda & Anima, em 2009, em que um casal projeta luz pelos olhos, e outra para o 3.º Festival de Cultura, em 1992, em que a estrela de Davi surge na superfície de um pão trançado.
Bonecos falsos
O artista polonês revela um de seus segredos: "Atrás do monitor do meu computador, na prateleira, tem cabeças, corpos e mãos das velhas bonecas, com cópias falsas de horríveis Barbies e Kens, com fotografias nuas dos 1920, e tradicionais figuras feitas à mão no México. Aonde eu for, compro vários objetos que algum tempo depois se refletem nos meus cartazes".
Em texto de divulgação de sua exposição, ele lamenta a retirada dos cartazes das ruas. "Na maioria dos casos, pelas limitações do formato, o cartaz é geralmente encontrado fechado nos prédios, apesar de que poderia ser um meio maravilhoso de educação gráfica da sociedade se exposto nas ruas. Seria ainda possível [para o cartaz] voltar às ruas?"
Serviço:
Cartazes Piotr Kunce Polônia (confira o serviço completo da exposição). Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999 Centro Cívico), (41) 3350 4400. Terça a domingo, das 10 às 18 horas. R$ 4 e R$ 2 (meia). Até 11 de setembro. Palestra com o artista hoje, às 19 horas, seguido de bate-papo e abertura da exposição.
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