Com 94 anos de atraso, Curitiba ouve hoje sua primeira interpretação do Pierrot Lunaire, uma das obras mais importantes da música do século 20. A peça foi escrita em 1912 pelo revolucionário músico austríaco Arnold Schoenberg e influenciou toda uma geração de compositores, incluindo aí nomes do peso de Stravinsky, Ravel, Webern e Alban Berg. No entanto, por ser de difícil execução e exigir um público disposto a enfrentar um novo tipo de sonoridade, o Pierrot poucas vezes foi tocado ao vivo no Brasil.

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A versão curitibana, que terá um ensaio aberto hoje e a apresentação formal amanhã, ambas no UnicenP, será regida pelo maestro Osvaldo Colarusso. Fã de carteirinha da vanguarda que tomou a Europa no início do século 20, Colarusso já teve a oportunidade de reger a obra de Schoenberg na Suíça, em 1998. Agora, responsável por organizar a programação de música erudita do UnicenP, conseguiu montar um grupo de músicos escolhidos a dedo para dar conta do recado. E partiu para os ensaios.

"No total, tivemos mais de dez ensaios. Isso é o dobro do que um concerto sinfônico comum costuma ter", afirma o maestro. Colarusso conta que as duas experiências, de reger a obra na Europa e aqui, foram bem diferentes. Lá, todos os músicos já haviam participado de alguma montagem da obra. Aqui, nenhum tinha tido a oportunidade.

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O concerto deste fim de semana abre a programação de 2006 do UnicenP, que, desde o ano passado, com a inauguração de seu teatro, começou a investir em música erudita. Dividido em ciclos, o projeto tentará neste ano "ampliar o repertório" da cidade, trazendo obras que dificilmente ou nunca foram tocadas por aqui, embora sejam fundamentais na história da música. O primeiro ciclo será destinado a explicar as Revoluções Musicais do Início do Século 20. O segundo tratará de música francesa.

Para facilitar a vida do público, que não está acostumado à música mais ousada do século 20, Colarusso preparou textos e comparações com outras artes que pretendem dar um panorama mais geral para as obras tocadas.

Colarusso também tentou agrupar as obras por afinidade. Junto com o Pierrot, por exemplo, serão tocadas duas outras peças: as Três Líricas Japonesas, de Stravinsky, e Três Poemas de Mallarmé, de Ravel. Ambas foram diretamente influenciadas diretamente pelas inovações de Schoenberg. E adivinhe: nenhuma foi tocada em Curitiba até hoje.

Serviço: Pierrot Lunaire. Teatro do UnicenP (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3000. Regência de Osvaldo Colarusso. Hoje, às 14 horas, com entrada franca. Amanhã, às 11 horas, com ingressos a R$ 10 e R$ 5.

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