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Retrato da elite endinheirada de O Rebu lembra o cinema italiano | Estevam Avellar/TV Globo
Retrato da elite endinheirada de O Rebu lembra o cinema italiano| Foto: Estevam Avellar/TV Globo

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O Rebu

Segundas, terças, quintas e sexta-feiras, às 23 horas, na Rede Globo.

Da trilha musical ao figurino, o que se vê em O Rebu destoa das produções da televisão brasileira. Há uma elaboração nos detalhes que escapa do planejamento comercial que dita os horários nobres. A trilha sonora, por exemplo, vai de Waldick Soriano a Gal Costa e sucessos dos anos 1970 na voz de Gloria Stefan. A estética da novela lembra o cinema italiano quando este se propõe a retratar a elite endinheirada e despudorada, como nos filmes de Visconti e mais, recentemente, em A Grande Beleza.

Esta falta de pudor dos personagens que circulam em um mundo especial, em que eles têm poder e liberdade, é uma das marcas do enredo. As pessoas, em O Rebu, não se intimidam com a possibilidade de chocar a sociedade, fazem tudo o que têm vontade como se estivessem sempre embriagadas. Há uma sensualidade dissoluta no ar. A julgar pela disputa entre os dois empresários da trama, Angela Mahler (Patricia Pilar) e Braga (Tony Ramos), que estão juntos na construção de plataformas para a exploração do pré-sal, mas trocam ameaças. A falta de pudor se espalha pelos negócios com os quais eles ganham dinheiro.

O horário das 23 horas tem dado à Rede Globo a possibilidade de arriscar formatos mais sofisticados e ousados. O Rebu teve uma produção inovadora em 1974, quando estreou no antigo horário de novelas das 22 horas. Quarenta anos depois, voltou em adaptação que parte das ousadias da época e agrega toques de atualidade, como a exploração das mídias sociais – a festa em torno da qual gira a trama é continuamente registrada em vídeos e fotos feitas pelos celulares dos convidados, assim como pelas câmeras de segurança da mansão. Estas imagens terão um papel mais tarde, no desenlace.

Na primeira semana não ficou claro se a trama vai conseguir prender a audiência. O que mais chamou a atenção foi mesmo a ambientação centrada em uma mansão, o ótimo elenco, e o clima de decadência moral em contraste com a ostentação material. A partir desta semana o que está em teste é o enredo reescrito a partir do trabalho de Bráulio Pedroso e a direção de Walter Carvalho. Se eles funcionarem, O Rebu será um grande momento da televisão brasileira.

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