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O “gigante de Llusco” foi retratado por Chambi em Cuzco, em 1925 | Martín Chambi
O “gigante de Llusco” foi retratado por Chambi em Cuzco, em 1925| Foto: Martín Chambi
  • Músico peruano: fotos trabalham com jogo de luz

Sob uma ótica singular, que valorizava as possibilidades de luzes das imagens que clicava, o peruano Martín Chambi (1891-1973) realizou verdadeiras obras de arte que revelam a diversidade e a riqueza cultural de seu povo.

Inspiradas no jogo de luz de pintores como Rembrandt e Caravaggio, 88 fotos em preto e branco do fotógrafo perfazem a exposição Martín Chambi – O Poeta da Luz, que estreia no Museu Oscar Niemeyer na próxima sexta-feira, dia 30 – no dia anterior haverá uma palestra com Teo Chambi, neto do peruano.

Chambi registrou a paisagem andina – há fotos das montanhas do altiplano, da misteriosa cidade de Macchu Picchu e de expedições –, bem como do cotidiano em que o próprio fotógrafo estava inserido. Exemplos são as imagens que revelam dois boxeadores em uma academia, clicada na cidade de Cuzco, em 1930, e uma criança em sua primeira comunhão, tirada em 1937. Chambi, sempre utilizando-se de efeitos luminosos, retratou também rostos de seu povo, em sua maioria, embargados por uma tristeza amedrontadora.

"Ele descrevia, com a luz, gestos e paisagens. Chambi foi o primeiro fotógrafo de sangue indígena a retratar seu próprio povo, revelando, assim, um universo mágico do cotidiano da cultura dos Andes. Ele fez isso com um alto nível técnico, a manipulação magistral da luz e um olhar único. Registrou a elite e o povo com um apurado olhar, sem distinções", diz Leila Makarius, argentina curadora da exposição.

Em 1977, o fotógrafo americano Edward Rainney descobriu a obra de Chambi e conseguiu catalogar cerca de seis mil placas de vidro do fotógrafo peruano, junto com Victor Chambi – filho mais velho do artista. Este trabalho resultou em uma grande exposição no MoMA (Museu de Arte Moderna) em Nova York, em 1979. Mesmo assim, e tendo como principal argumento a qualidade de sua obra, o artista não teve seu valor reconhecido, como conta Leila.

"Chambi não teve e ainda não tem o reconhecimento que merece como um grande artista que foi. Talvez porque, antes, a América Latina não vivia um momento de atenção com relação a arte se comparada a Europa e Estados Unidos." (CC)

Serviço:

Palestra com Teo Allan Chambi. Auditório do Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999).Dia 29 de abril às 18h. Entrada franca. Martín Chambi – O Poeta da Luz. Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999). De 30 de abril a 26 de junho.

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