Não deixa de ser curioso o otimismo de certos estúdios para filmar sequências de produções fracassadas. Ignorado pela crítica e pelo público, "Vozes de Além" (2005) era marcado por graves problemas de roteiro e uma decepcionante atuação de Michael Keaton (de "Batman"), cuja interpretação se resumia a levantar uma das sobrancelhas. Mesmo assim, e com nome quase igual, estréia no país nesta sexta-feira a sequência "Luzes do Além".

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"Vozes" contava a história de um infeliz viúvo, obcecado por Eletronic Voice Phenomena (EVP), fenômeno no qual é possível escutar mensagens dos mortos por meio de aparelhos eletrônicos. Uma crença antiga, refutada por toda a comunidade científica mas que ainda mantém o fascínio para certos adeptos.

Como não agradou aos fãs de suspense fantasmagórico, o estúdio descartou o EVP e resolveu apostar em outro tema em "Luzes do Além". O protagonista é Abe Dale (Nathan Fillion), cuja mulher e filho são inexplicavelmente mortos por um rapaz, que em seguida se mata. Como não consegue superar a perda, Abe tenta se suicidar, mas acaba ressuscitado no hospital.

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No entanto, antes de "voltar", ele tem uma experiência pós-vida, na qual encontra sua falecida família num túnel de luz. O episódio lhe trará certos poderes sobrenaturais, como prever quem será a próxima vítima da morte. Ao tentar salvar a vida dos personagens de suas visões, Abe não prevê que, ao fazer isso, enfurece as forças do outro mundo.

O desenrolar da história funciona bem na primeira meia hora, em grande parte graças ao trabalho de Nathan Fillion. O ator consegue introduzir emoções e humor que, ao que tudo indica, não constavam do roteiro. Uma performance dramática aliás pouco aproveitada nas séries televisivas de que o ator participa secundariamente, como "Buffy, A Caça Vampiros" e "Lost".

Apesar dessa atuação e de uma concepção relativamente engenhosa da história (para o seu gênero), as situações forçadas tornam o filme pouco mais do que um desfile de incompetentes efeitos especiais e eventos progressivamente mais ilógicos.

As quase duas horas de projeção provam que "Luzes do Além" é mais uma daquelas medíocres sequências realizadas para o mercado de home vídeo norte-americano, exibida nos cinemas apenas porque a distribuidora concluiu que poderá render algum dinheiro no mercado estrangeiro. Alguns críticos foram mais longe e, em tom de deboche, disseram que seria melhor tentar fazer contato por meio de experiências EVP em casa, do que tentar assustar-se com esta produção.