Rodolfo Richter: curitibano mora na europa há 17 anos| Foto: Divulgação

Quando o compositor italiano Giuseppe Tartini (1653-1713) tocava, seus olhos reviravam e seu corpo balançava, como se algo o possuísse. Diziam que o demônio se fazia presente. Já Arcanjo Corelli (1692-1770) era reconhecido por sua bondade. Comparado a um anjo, ensinava música sem cobrar dinheiro algum. Obras desses dois compositores barrocos estão entre as escolhidas de Rodolfo Richter (violino) e William Carter (teorba) para o concerto "Anjos e De­­mônios", que acontece hoje à noite na Igreja da Ordem.

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"Na Europa é muito comum fazer concertos baseados em algum tema específico. A gente veio com essa ideia para o Brasil", explica Richter. O curitibano, de 38 anos, é integrante do Palladian Ensemble, professor de violino barroco no Royal College os Music, em Londres, e vive fora do país desde 1992. Quem o acompanha é o norte-americano William Carter, violonista e professor de música antiga e alaúde barroco na Guildhall School of Music and Drama, também em Londres. Será a primeira vez que tocam juntos no Brasil.

O programa também abrange obras de Schmelzer (1620-1680), Bach (1685-1750), Dowland (1563-1626), Vivaldi (1678-1741) e Santiago de Murcia (1682-1732). Este último, conta Richter, foi condenado pela Inquisição Espanhola por conta de suas composições. Suas músicas, cheias de ritmo e com harmonias "estranhas", fazia com que as pessoas mexessem o corpo e dançassem – um ultraje perante as normas da Igreja.

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Teorba

Quem for até a Igreja da Ordem acompanhar o concerto Anjos e Demônios terá uma oportunidade rara de ver uma teorba e ouvir seu som. O instrumento data do final do período renascentista e é da família do alaúde. "É como se fosse um alaúde grande", ex­­plica Richter. Há uma extensão onde se encontram mais sete cordas (ao todo são 14 ou 15) graves e não dedilháveis. "Mesmo na europa é rara essa formação", diz o violinista.

Serviço

Anjos e Demônios – Rodolfo Richter e William Carter

Igreja da Ordem (Largo da Ordem). Hoje, às 19h30. Entrada franca.

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