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"Bravo! Bravo!", gritou o público na noite desta segunda-feira (23), de pé, no final da apresentação de Macbeth (confira o serviço), de William Shakespeare, no Festival de Curitiba. Havia bons motivos para tanto entusiasmo no Teatro Guaíra. A nova montagem do clássico shakespeariano, com direção de Aderbal Freire-Filho, é uma versão mais próxima e compreensível do público, ao mesmo tempo profunda e atual.
Escrita há mais de 400 anos, "Macbeth" trata de emoções universais: paixão, ambição, ódio, vingança e inveja. Renata Sorrah vive Lady Macbeth, mulher do ambicioso Macbeth, interpretado por Daniel Dantas.
A ação se passa na Escócia quando Macbeth, general do exército escocês e primo do Rei Duncan, escuta profecias de três bruxas que o proclamam futuro Rei da Escócia. A honra e fidelidade à autoridade real de Macbeth são substituídas pela ganância.
Obcecada pela ideia do poder a qualquer preço, Lady Macbeth instiga o marido a matar quem quer que seja, a começar pelo rei, para que eles desfrutem do poder. Ele se deixa levar pelas obsessões de sua mulher e se desespera ao cometer seu primeiro assassinato. Começa a ser atormentado por um sentimento de culpa. Quando Macbeth passa a agir sozinho, Lady se desintegra.
Na obra de Shakespeare, Lady Macbeth é uma personagem megera e maquiavélica. A Lady de Renata Sorrah não tem essa característica demoníaca da famosa personagem. Parece que ela comete um crime mais por amor incondicional ao marido do que por cobiça. Já o Macbeth de Daniel Dantas parece ser o mesmo do início ao fim, nem tirano, nem arrependido.
O espetáculo tem seus momentos de sarcástico humor e sobrenatural, onde as bruxas trocam seus caldeirões por um chá das cinco. O cenário e as marcações são divididos em quatro grandes mesas ao centro, que ora são mesas de chá ou jantar, ora são palcos para cenas e até mesmo cavalos para os soldados.
No fim das contas, a peça agrada muito. É uma montagem tão atemporal quanto seu autor. A tragédia dos Macbeth pode ser compreendida muito além do seu tempo. Suas condições humanas não são estranhas para nós. Como eles, ambições e contradições conduzem nossos atos. Quem sabe do que somos capazes? Acredite, nem nós sabemos...
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