É o final de uma era, não só na ficção de “Mad Men”, cujos protagonistas vivem a melancolia do adeus à década de 60, mas para milhões de espectadores diante dos últimos sete capítulos da “melhor série dramática de todos os tempos”, como definiu a revista “Rolling Stone”.
A contagem regressiva começa neste domingo. E termina no dia 17 de maio, quando será exibido o último episódio da série criada por Matthew Weiner, vencedora de 15 prêmios Emmy e quatro Globos de Ouro.
Até lá, a emissora “AMC” terá transmitido 92 episódios que, na realidade, segundo seu presidente, Charlie Collier, são “obras de arte”.
Embora muito mistério rodeie esse final, Weiner disse à Agência Efe em 2011 que a tarefa de concluir a série para ele era “literalmente como fazer uma sobremesa”.
“Quero ter o conhaque perfeito, a coisa mais pura que deixe um gosto na boca, mas dentro dos parâmetros da série. Não sinto que tenha que surpreender”, declarou então.
“A única coisa constante que tive em minha carreira agora se acaba”, afirmou recentemente o protagonista de “Mad Men”, o ator Jon Hamm, de 44 anos.
“E isso te faz abrir os olhos. Será que vão continuar me levando a sério? Vou fazer comédias românticas o resto da minha vida? O que vem a seguir? E eu não sei. Gostaria de ser suficientemente pretensioso para ter preparado um grande plano”, acrescentou.
Hamm lembrou que a “escuridão” de Don Draper - o nome do atormentado publicitário que interpreta - foi explorada “em profundidade e de forma constante” durante a série, algo que teve repercussão em sua própria vida na forma de “muitas adversidades e muita tristeza”.
Nesse sentido, a agente do ator revelou recentemente que Hamm tinha completado um tratamento de 30 dias para tratar sua dependência ao álcool, um problema que compartilha com seu alter ego na ficção.
A reabilitação foi realizada junto com sua mulher, Jennifer Westfeldt, que na edição deste mês da revista “GQ” comenta que “a escuridão de Don passou sua fatura para Jon, apesar de ser o papel de sua vida e a oportunidade que lhe deu a carreira de seus sonhos”.
A ideia central da série, transformada há anos em um fenômeno cultural, sugeria seguir as vidas dos personagens principais ao longo dos anos 60 enquanto enfrentavam as próprias inseguranças e as do mundo que lhes rodeia, tudo isso dentro dos escritórios da agência de publicidade fictícia Sterling Cooper, localizada na Madison Avenue, em Nova York.
E com essa ideia é chegada a hora de saber os destinos de Don, Peggy (Elisabeth Moss), Roger Sterling (John Slattery), Joan Harris (Christina Hendricks), Pete Campbell (Vincent Kartheiser) e Betty Draper (January Jones), entre outros.
“A forma como tudo acaba tem muito sentido”, comentou John Slattery.
“Mad Men” deixou de ser um drama de época difícil de digerir - como sugeriam os índices de audiência que na primeira temporada quase não conseguiam reunir um milhão de espectadores - para se transformar em uma hipnótica análise sobre a mudança social dessa era que, finalmente, cativou o público, com picos de até 3,5 milhões de espectadores.
Para que os seguem fielmente os eventos de “Mad Men”, Weiner explica que agora eles só têm que saber que “os Estados Unidos chegaram à lua e há um momento de grande otimismo (...). A agência é vendida para a McCann Erickson e, com essa chuva de dinheiro de ridículas proporções, Don se dá conta que as melhores coisas na vida são de graça”.
Para trás ficarão esses machistas homens de negócios, melindrosos, fumantes, de terno e gravata, infiéis e rodeados de mulheres que se destacam por sua sofisticação e seu ‘look vintage’ que inspiraram o gosto pela volta à estética retrô nas tendências de moda.
Segundo a figurinista de “Mad Men”, Janie Bryant, a série influenciou na moda, no design dos móveis e inclusive nos penteados e na maquiagem de hoje em dia.
“‘Mad Men’ influenciou nossa cultura popular atual”, concluiu.
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