Há quem diga que Madonna perdeu a noção. Seus detratores, muitos deles ex-fãs, acham que ela deixou de ser relevante ao se repetir na tentativa de chocar, de fazer cultura pop de confronto. O registro ao vivo de sua última turnê, MDNA, à venda no Brasil em três formatos DVD, DVD + CD duplo e Blu-ray , pode servir tanto de munição para esse discurso como de argumento para quem na artista enxerga a matriz original, e talvez insuperável, de dezenas de cantoras da nova geração, como Katy Perry e Lady Gaga.
Nona turnê de Madonna, MDNA é um caso exemplar no atual cenário da indústria fonográfica mundial. O álbum homônimo que lhe serviu de embrião, 12.º disco de estúdio da artista, vendeu apenas 521 mil cópias nos Estados Unidos e 1,8 milhão no mundo todo. São números irrisórios, ainda que razoáveis no cenário atual, se comparados aos de outros títulos da cantora Ray of Light (1998) ultrapassou a marca de 16 milhões.
Mas se o CD, até bem recebido por boa parte da crítica, não decolou, a turnê MDNA, que passou por mais de 30 países, inclusive o Brasil, foi a mais rentável de 2012. Segundo a revista Billboard, arrecadou em torno de US$ 305 milhões em 88 apresentações. Bateu, entre outros, o veterano Bruce Springsteen e jovens estrelas do quilate de Rihanna, artista que teve o maior número de singles na parada de sucessos dos EUA nesta década.
Tudo isso porque Madonna, apesar de vender muito menos discos, tem um gigantesco capital simbólico. Seus fãs, de várias gerações, fazem filas e enchem estádios ao redor do mundo para vê-la cantar hits emblemáticos, como "Like a Virgin", "Express Yourself" e "Vogue", ou as mais recentes "Turn Up the Radio" e "Girl Gone Wild". É estranho, sim, vê-la, aos 50 e tantos anos, vestida de chefe de torcida interpretando a genérica "Gimme All Your Lovin". Mas também é arrepiante a versão de "Like a Prayer", que encerra o show e é capaz de lembrar a todos, mesmo os que para ela hoje torcem o nariz, que Madonna é única. GGG
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