Madrugadas de sangue e horror

Quatro dias (e quatro noites) de terror estão reservados para o futuro próximo da cidade de Curitiba... Calma. Não é nenhuma praga ou maldição. Trata-se tão somente da 3.ª edição do festival Madrugada Sangrenta, que acontece entre quarta-feira (29) e sábado (1º) e vai reunir fãs e realizadores do cinema de horror na cidade.

A grande atração deste ano é a presença do produtor e diretor norte-americano Roger Corman. Aos 88 anos, o mestre do "cinema B" vem pela primeira vez a Curitiba, ao lado de sua produtora executiva, Julie Corman, e vai ministrar uma master class sobre produção de baixo orçamento, além de participar da exibição de quatro de seus principais filmes.

O evento também programa uma mostras de filmes, incluindo as estreias nacionais dos novos filmes dos diretores brasileiros José Mojica Marins (o Zé do Caixão), e Rodrigo Aragão, principais nomes do gênero no país. Palestras, lançamento de livro, oficina de efeitos especiais e um inédito concurso de roteiros de terror e suspense completam a grade de programação.

A presença de Corman foi um dos motivos que fez esta edição do festival se descolar da Corrente Cultural, como ocorreu nos dois primeiros anos. "Nós resolvemos tirar da programação da Corrente, porque coincidia com a realização do American Film Market, um festival do cinema de horror ao qual levaremos nossos filmes. E também para conciliar com a agenda do Roger Corman, cuja presença torna este evento histórico", explica a produtora Diana Moro, organizadora do festival.

Ainda há vagas para participar das atividades da Madrugada Sangrenta e os interessados podem se inscrever pelo site do evento.

Céu aberto

As exibições dos filmes são gratuitas e abertas ao público sem necessidade de inscrição prévia, mas sujeitas à lotação dos espaços. As exibições noturnas ocorrem ao ar livre nos fundos do Centro Cultural Sesi Heitor Stockler de França, no centro.

"A gente sugere que as pessoas tragam seus banquinhos, cadeiras de praia, toalhas, para poderem assistir aos filmes da forma mais à vontade possível", alerta Diana.

Entre os destaques da mostra, além dos filmes de Corman, o evento conta com a primeira exibição do curta O Saci, novo trabalho de Marins, na noite de abertura. E de Monstrólogo, de Aragão, no encerramento.

Por motivos de saúde, Mojica não poderá estar presente. "Uma pena. Pretendíamos repetir aqui o encontro mágico entre ele e Corman, que já aconteceu há uns trinta anos. Mas o filme dele estará aqui, e nós torcemos para que ele se recupere o mais rápido possível", afirma Diana.

Outra novidade desta edição é o concurso de roteiros para filmes, o Horror Contest, que recebeu mais de 30 projetos de roteiro de todo o Brasil. No sábado, os autores dos trabalhos selecionados defenderão suas propostas diante de uma banca formada por jurados renomados nas áreas de cinema e tevê.

Mito

Mestre dos "filmes B", Roger Corman ensina a fazer muito com pouco

Perto dos 90 anos e em plena atividade, o diretor e produtor Roger Corman é o convidado especial do festival Madrugada Sangrenta. Durante os quatro dias do evento, ele poderá compartilhar sua experiência com fãs e realizadores de filmes de horror em uma palestra que a organização do festival define como "histórica".

O diretor vem a Curitiba ao lado de sua esposa, Julie Corman, para ministrar na tarde da próxima quinta-feira uma master class em que falará sobre a arte da direção de filmes com baixo orçamento. O casal também vai participar da exibição de alguns de seus filmes mais famosos, como A Pequena Loja dos Horrores e A Mulher-Vespa.

Corman é tido como o "papa" dos filmes B, as produções baratas dos estúdios, geralmente exibidas em sessões duplas nos anos 1940 e 1950. A expressão virou sinônimo de baixo orçamento entre o trash e o cult.

Ele dirigiu 56 filmes desta linha e produziu outras centenas. Além da alta produtividade, o diretor também é conhecido por lançar em Hollywood artistas como Jack Nicholson, Martin Scorsese e Francis Ford Coppola, entre outros.

Em 2009, seu esforço cinematográfico lhe rendeu um Oscar Honorário por "sua rica criação de filmes e cineastas".