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Há uns dois anos, pouca gente sabia quem ele era. Agora, ele tem composições gravadas por Seu Jorge e Bebel Gilberto ("Pessoal Particular"), Tony Garrido ("Don’t Wait") e Ivete Sangalo ("Real Fantasia"). Caetano Veloso é visto na plateia dos seus shows. Regina Casé o levou para animar seu programa na Globo, "Esquenta". E, no ano passado, quando estreou seu trio elétrico, uma das músicas mais cantadas no carnaval baiano foi a sua "Inventando Moda" (Billy Jean My Love).

Para completar, um dos mais tradicionais festivais de música do mundo, o New Orleans Jazz & Heritage Festival, após muito tempo sem convidar um brasileiro, escolheu justamente ele, a novidade baiana, para a festa norte-americana desse ano - toca no dia 27 de abril no berço do jazz, em jornada que terá ainda Ellis Marsalis, Irma Thomas, Dr. John, Patti Smith, Joshua Redman, entre outros 400 artistas.

"Chegou a hora de sair da cozinha e ir para a sala recepcionar", brinca Magary Lord, 36 anos, o novo fenômeno da música baiana. Como ele era percussionista (ou seja, a "cozinha" das bandas), é assim que define seu novo protagonismo como homem-show. O músico muitas vezes fala de si mesmo na terceira pessoa. "Magary não é axé, a gente mistura vários ritmos e várias culturas. O que eu almejo é representar bem o Brasil. É como eu sempre digo: vou atrás do Sol. Enquanto o Sol está aqui, eu estou aqui. Depois, o Sol vai para a Europa, vai para os Estados Unidos, e eu vou atrás dele".

Nascido Francisco Pereira Chagas, em 23 de março de 1976, no bairro de Brotas, em Salvador, 11º rebento de uma prole de 12 filhos, ele é humilde mas não é subserviente: tem plena consciência de que é chegado seu momento. O menino que imitava o batuque dos blocos que via pela janela de sua casa concentrando-se na Avenida Ogunjá está podendo: até seus discos, que antes distribuía pessoalmente, agora já alçaram voo - estão nas mãos da poderosa gravadora Universal Music, que o procurou para fechar um contrato de distribuição.

"O mercado baiano está com uma música plastificada. Eu acho que é o momento de combater essa música plastificada, que não tem conteúdo, não tem uma mensagem, não tem qualidade, é feita de imediatismo", afirma. Ele acha que é chegada a hora de outra música baiana que não aquela que só rima "melão com mamão" e contenha necessariamente a palavra "bundinha". E como é que Magary Lord combate isso? Com o black semba, o gênero que inventou.

"É uma mistura, é um laboratório que eu montei com contribuições culturais de muitas fontes. Eu viajei muito. Primeiro, eu fui até Angola, que é a terra do semba, o pai do samba. É um gênero altamente dançante, alegre. Misturei a black music americana com o samba do Recôncavo baiano e o semba original africano e ainda outras coisas: repente, baião, maracatu. Como fui o 11º de uma família de 12 irmãos, eu tive de ouvir tudo que meus irmãos ouviam antes de mim: Cartola, Batatinha, Pixinguinha, Benito di Paula, Michael Jackson, Jorge Ben, James Brown", conta. Magary então gravou dois discos: "Magary Black Semba Bahia" (2007) e "Escutando Magary" (2011). Esse último estourou.

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