O Roxette levou ao delírio as cerca de 2 mil pessoas que lotaram o Teatro Positivo na noite de terça-feira| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Um show, para ser bom de verdade, tem de acontecer em dois lugares: sobre o palco e na plateia. Mesmo que a apresentação seja impecável tecnicamente, e os artistas deem tudo de si, o espetáculo apenas será completo se o público estiver em sintonia com o que está assistindo. E foi exatamente o que aconteceu na noite da última terça-feira no Teatro Positivo, onde a banda sueca Roxette estreou sua atual turnê no Brasil.

CARREGANDO :)

Antes mesmo que o grupo liderado pela vocalista Marie Fredriksson e o guitarrista Per Gessler insinuasse os primeiros acordes de "Dressed for Success", música de abertura do show, uma vibração intensa, que reverberava por toda a casa de espetáculos, imensa e por vezes intimidadora, anunciava uma noite promissora. Os fãs, já envergando camisetas recém-compradas no hall do teatro, tiravam fotos do palco, ainda vazio, empunhavam cartazes, bandeiras da Suécia e do Brasil, e até um luminoso se via. Todos pulsavam de ansiedade. E, certamente, não foram para casa decepcionados, duas horas mais tarde.

Entre o pop e o soft rock, o Roxette, até hoje presença constante nas programações de rádios easy listening ao redor do mundo, tem um repertório de hits respeitável. E que se mostrou poderoso quando reagiu com uma plateia bastante eclética, em princípio. Viam-se desde crianças até idosos, e não apenas os esperados quarentões, pouco mais do que adolescentes no fim dos anos 80, início dos 90, quando a popularidade da banda explodiu, graças a hits planetários como "The Look", "Listen to Your Heart", "Spending My Time" e "It Must Have Been Love".

Publicidade

E foi exatamente essa balada, tema da comédia romântica Uma Linda Mulher, que catapultou Julia Roberts ao estrelato em 1990, a responsável pelo primeiro de alguns momentos arrepiantes do show.

Marie, acompanhada apenas pelas cordas de Per, cantou os versos iniciais da canção e silenciaram-se. Deixaram que o público se fizesse ouvir. E a magia se fez. Mais de 2 mil pessoas entoaram a música, para espanto dos suecos, que ficaram visivelmente emocionados, assim como qualquer ser vivente que estivesse no teatro naquele momento.

Se Marie – que enfrentou um tumor no cérebro em 2002 e só voltou à ativa em 2009 – já não alcança notas mais agudas e parecia um tanto frágil no palco em alguns momentos, o resto da banda estava na retaguarda, como que a protegê-la. Os músicos, incluindo aí Per, deram um show de competência e simpatia – o ótimo guitarrista de apoio chegou a tocar o hino nacional brasileiro. Não tinha como dar errado. Foi um supershow.