Calvin (Paul Dano) faz o papel de um escritor em crise que cria a mulher de seus sonhos, Ruby Sparks (Zoe Kazan), em sua máquina de escrever| Foto: Divulgação

Calvin (Paul Dano, de Ouro Negro) é um jovem escritor que alcançou enorme sucesso e reconhecimento da crítica no início da carreira, mas agora se debate com uma grave crise criativa, intimamente relacionada ao fracasso de sua vida amorosa. De repente, surge uma luz no fim do túnel: ele consegue criar uma personagem feminina que o inspira e nele desencadeia um surto criativo. O problema é que Ruby, que nasce de sua imaginação e primeiro ganha vida apenas nas páginas por ele datilografadas em uma velha máquina de escrever portátil, um dia surge em carne e osso. Sentada no sofá de sua sala, já na condição de sua namorada na vida real. O que fazer diante dessa situação surreal?

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Essa é a premissa de Ruby Sparks: a Namorada Perfeita, novo longa-metragem da dupla Jonathan Dayton e Valerie Faris, diretores da premiada comédia Pequena Miss Sunshine, que, de novo, conseguem fazer um filme que diverte bastante sem ser banal e superficial. O longa-metragem está na programação do Festival do Rio. O roteiro, bastante original, dessa vez é assinado por Zoe Kazan, atriz que vive a personagem-título e neta do cineasta Elia Kazan (de Sindicato de Ladrões).

Namorada de Paul Dano, um dos atores mais talentosos da nova geração, Zoe lhe mostrou o que havia escrito e ele, entusiasmado com a inventividade da história, foi correndo procurar Dayton e Faris, com os quais já havia trabalhando em Pequena Miss Sunshine, que toparam na hora fazer o filme, que não chegou a repetir o sucesso do longa anterior da dupla, mas foi muito bem-recebido pela crítica norte-americana quando lançado nos cinemas, em julho passado.

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Em tempos nos quais a comédia mainstream hollywoodiana segue apostando na fórmula escatologia, sexo e besteirol, com poucos rasgos criativos, Ruby Sparks: a Namorada Perfeita consegue fazer rir e pensar ao mesmo tempo com uma trama que não apenas brinca com o labirinto da criação literária, mas também discute temas comportamentais. Fala da crise da masculinidade, personificada por um Calvin sempre hesitante e inseguro – apesar de ser com frequência chamado de gênio –, da dificuldade de comunicação no mundo contemporâneo e da solidão. GGG1/2