Chico Buarque ambientou o musical "A Ópera do Malandro" na década de 40, mas o que lhe interessava mesmo era falar de sua própria realidade – o Brasil da década de 70. No ano de estréia do espetáculo, 1978, o país vivia o fim da ditadura militar e o avanço das falcatruas, da corrupção política e da ideologia do progresso, em que o que mais valia era o dinheiro.

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De lá para cá, muito pouco parece ter mudado. "O malandro continua na praça", sentencia Alex Wolf, diretor da remontagem do célebre musical, que pela primeira vez será apresentado em Curitiba com produção e elenco inteiramente locais. "A Ópera do Malandro" estréia nesta quarta-feira (13), às 20h30, no Guairinha, encerrando a 2.ª Mostra de Teatro dos alunos da Faculdade de Artes do Paraná – FAP.

Para demonstrar a atualidade da ópera, "e a sacanagem que é o Brasil", Wolf e outros 55 alunos dos cursos de Dança, Música e Teatro da FAP resolveram enfrentar as dificuldades da realização de uma montagem desse porte pondo a mão na massa. Com o "OK" de Chico Buarque, os 23 atores e 13 músicos que integram o elenco começaram em janeiro um verdadeiro "intensivo" de canto e dança.

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No texto original, Chico Buarque retrata a malandragem carioca que administra os prostíbulos e o contrabando no bairro da Lapa. Wolf realizou pequenos cortes e adaptações para tornar a peça mais "universal". "Criamos uma Lapa do nosso próprio imaginário, pois, para nós, retratar fielmente o Rio de Janeiro seria o mesmo que um carioca montar Dalton Trevisan", diz o diretor.

Outros toques de atualidade aparecem aqui e ali: o bandido aparece falando ao celular, o cafetão Duran acessa as fichas de suas prostitutas em um laptop, e assim por diante. As "meninas", aliás, serão uma das boas surpresas do espetáculo, na opinião de Wolf. "Resgatamos aquele imaginário gostoso do malandro, onde as prostitutas são mostradas de maneira menos agressiva", diz.

Veja, no vídeo, como é a preparação dos atores

Confira a programação completa dos teatros

Serviço: A Ópera do Malandro – 2.ª Mostra de Teatro da FAP. Guairinha (R. XV de Novembro, s/n.º), (41) 3304-7982. Direção de Alex Wolf. Com alunos da Faculdade de Artes do Paraná – FAP. Duas horas e meia de duração, com intervalo de 10 minutos. De quarta a sábado, às 20h30, e domingos, às 17h30. Ingressos a R$ 15, R$ 10 (bônus) e R$ 5 (alunos, professores e funcionários da FAP). Até 17 de dezembro.

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