Estrela há quase quatro décadas
Desde que apareceu em O Poderoso Chefão, em 1973, Diane Keaton tem construído uma sólida carreira baseada sobretudo na diversidade de suas escolhas. Estrelou desde comédias, como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, que lhe deu o Oscar de melhor atriz, e Alguém Tem Que Ceder, até dramas impactantes, do calibre de Reds e De Bar em Bar. Ao lado de Meryl Streep, Jessica Lange, Susan Sarandon e Sissy Spacek, forma o quinteto de ouro de sua geração no cinema americano.
Há um bom motivo para assistir ao razoável Minha Mãe Quer Que Eu Case, que estréia hoje em todo país: a presença luminosa de Diane Keaton, em grande forma aos 60 anos.
Sem fugir às regras básicas das comédias românticas, o filme usa e abusa de todos os ingredientes conhecidos lágrimas, risos, encontros, desencontros, beijos e abraços que costumam povoar esse gênero cinematográfico. O diferencial talvez esteja no fato de as quatro personagens principais, que falam aberta e incessantemente sobre suas vidas amorosas e sobre sexo, não serem apenas boas amigas, mas mãe e três filhas.
Com todo o aval que essa intimidade doméstica e familiar possa lhe dar, a matriarca Daphne (Diane Keaton, fazendo uso de toda sua verve cômica) não se envergonha de meter o bedelho na vida das suas crias, sobretudo nas aventuras e desventuras afetivas da caçula, Milly (a cantora e atriz Mandy Moore).
Como as irmãs mais velhas já estão bem casadas, a mãe acha que lhe sobrou apenas uma missão a ser cumprida a ferro e a fogo: arrumar o mais rápido possível um marido para a filha caçula, que ela julga estar quase irremediavelmente encalhada, apesar da pouca idade.
Para conseguir atingir seu objetivo, Daphne chega a colocar um anúncio na internet, entrevista os mais diversos e bizarros candidatos até encontrar o rapaz que julga ser o melhor de todos os pretendentes, o arquiteto algo almofadinha Jason (Tom Everett Scott). Mãe e pretendente acabam armando um plano mirabolante para seduzir Milly. Esquecem, no entanto, de um pequeno e importante detalhe: a moça não está parada, à espera do príncipe encantado e seu cavalo branco.
Milly conhece Johnny (Gabriel Macht), um músico boêmio, mas bem comportado e super boa gente.
Mas Daphne, preocupada de ver a filhota envolvida com "um artista", insiste e Milly acaba cedendo, se envolvendo com Johnny e Jason e ao mesmo tempo. Quer provar antes de escolher, ora bolas.
O cineasta Michael Lehmann (de 40 Dias e 40 Noites) não faz lá muita questão de inovar, pelo contrário. Relativo sucesso nos cinemas norte-americano, o filme tem como público-alvo as mulheres, que acabam se identificando com as personagens femininas da trama. Como para Daphne uma mulher pseudoliberada às vésperas dos 60 anos, que jamais teve um orgasmo na vida não importa o quanto a filha seja bem-sucedida na profissão ou em outras áreas de sua vida, sua trajetória dramática no decorrer do enredo é mais interessante do que a da filha. Claro que o fato de o papel ser feito por Diane Keaton, uma das atrizes mais versáteis de sua geração, faz toda a diferença. O que poderia ser pouco mais do que um telefilme medíocre acaba valendo pela atuação cheia de nuances da estrela de Noivo Neurótico, Noive Nervosa e Alguém Tem Que Ceder. GG1/2
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