Na última quinta-feira, o Discovery Channel exibiu o primeiro dos dez episódios da sua mais nova série no estilo "na natureza selvagem" Vida, coprodução do canal com a BBC, que ao longo de quatro anos captou mais de 3 mil dias de filmagens em diversos habitats de todos os continentes da Terra. Os demais capítulos vão ao ar a cada quinta-feira, às 22 horas, até o dia 20 de maio, quando passa o derradeiro, "Primatas".
Poderia ser mais um programa típico de "econerd", desses que semana sim, semana não, vão ao ar no Globo Repórter, nas séries ecológicas do Fantástico e no Animal Planet: imagens belíssimas, cores vibrantes, bichinhos fofos, natureza e educativas mensagens ecológicas.
E Vida não deixa de ter tudo isso até porque é dos mesmos criadores de Planeta Terra e Planeta Azul, que volta e meia entram na programação do Fantástico. Mas a nova série consegue a proeza de falar sobre animais selvagens e plantas de um jeito menos... chato. A começar pela abordagem: Vida fala de sobrevivência, e mostra em detalhes as mais curiosas, inusitadas e fascinantes estratégias desenvolvidas pelos seres vivos para garantirem a sua permanência no planeta.
Alguns exemplos que apareceram no primeiro episódio, "Desafios da Vida": golfinhos da Flórida que, nadando em águas rasas, fazem círculos nos sedimentos para encurralar peixes; o sofisticado aparato de camuflagem e as armas do camaleão para capturar suas presas, como os enormes olhos independentes entre si e a impressionante língua elástica e pegajosa, que é lançada sobre os insetos com aceleração cinco vezes maior do que a de um caça F-16; na floresta tropical, uma valente rãzinha, do tamanho de uma unha, que carrega nas costas um de cada vez, claro os seus girinos, enquanto escala as árvores em busca da água das bromélias, sem a qual os filhotes não sobreviveriam; ou um exemplo ainda mais radical de devoção materna: a fêmea do polvo gigante do Pacífico, que fica sem comer durante seis meses para cuidar dos seus ovos, e morre assim que os filhotes nascem; de volta à África, enormes hipopótamos disputam o poder e dezenas de fêmeas nas lagoas formadas no leito seco dos rios; no Brasil, os espertos macacos-prego, que, depois de deixar os cocos secando ao sol, usam pesadas pedras como martelos para quebrar a casca, e assim por diante.
Outro diferencial do programa é a linguagem, que mistura suspense como na desesperada fuga de uma foca de um grupo de baleias assassinas na Antártica , drama, caso da triste história da mãe suicida do polvo gigante do Pacífico, e humor, a exemplo das desastradas primeiras tentativas dos filhotes dos macacos-pregos de quebrar cocos usando pedras.
Mas o que mais impressiona na nova série do Discovery Channel é a tecnologia de última geração empregada na captação das imagens, todas em altíssima resolução. Câmeras de alta velocidade, super slow motion, imagens áreas e subaquáticas e até um sistema de captação desenvolvido especialmente para o programa a "yogi cam", que acompanha a migração de veados e elefantes produzem imagens inacreditáveis, de cair o queixo. No caso da rãzinha, por exemplo, além das tomadas em close, a câmera mostra em detalhes nítidos cada girino se alimentando dentro das bromélias (!). Em outra parte, um super close e câmeras de alta velocidade mostram a bizarra transformação de um tipo de mosca, que infla a cabeça de ar e separa os olhos um do outro em duas grandes antenas.
Portanto, se além de assinar o Discovery Channel você tiver uma tevê de alta definição, vai ficar de cara. E se não tiver, também vai... falando sério, vale a pena dar uma espiada em Vida.
Serviço
A série Vida é exibida no Discovery Channel às quintas-feiras, às 22 horas, até o dia 20 de maio.
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