A cantora e atriz Marianne Faithfull, uma das musas dos anos 1960 e ex-namorada do Rolling Stone Mick Jagger, tirou a sorte grande quando foi convidada para estrelar Irina Palm. O filme, um drama pouco convencional que competiu no Festival de Berlim em 2007, chega às locadoras nacionais com tudo para intrigar o público brasileiro. E dá à estrela, um ícone pop de primeira grandeza, uma boa oportunidade de mostrar que sabe atuar.
Escrito e dirigido por Sam Garbarski (do interessante O Tango dos Rashevsky, também disponível em DVD no mercado nacional), Irina Palm conta a história de Maggie (Marianne Faithfull), uma viúva na faixa dos 60 anos, que está numa tremenda sinuca financeira: já vendeu até a própria casa para pagar o tratamento de saúde do único neto, Olly (Corey Burke).
Os pais da criança, Tom (Kevin Bishop), filho de Maggie, e Sarah (Siobhan Hewlett), também já investiram tudo o que tinham, mas o garoto não melhora e corre risco de morte.
O futuro parece mais do que sombrio até surgir um raio de esperança no fim do túnel: existe, na Austrália, um tratamento experimental para a doença de Olly. Maggie, que não é de entregar os pontos, passa noites em claro em busca de uma forma de arranjar dinheiro para custear a viagem. As perspectivas profissionais para uma mulher de sua idade, no entanto, são mais do que limitadas.
O fato de já ter entrado na terceira idade e não ter grandes qualificações, não a impede de conseguir um emprego pouco ortodoxo, porém muito bem-pago, num lugar onde referências pessoais não são exigidas: a boate Sex World, misto de bordel e casa noturna capitaneada por Mikky (Miki Manojlovic, de Underground Mentiras de Guerra).
As mãos macias de Maggie, que adota o "nome de guerra" Irina Palm, começam a lhe render polpudas somas ao fim de cada semana. Entretanto, ela não pode revelar a ninguém, muito menos à família, a origem do dinheiro farto que anda ganhando. Quando vem à tona a verdade, também emerge o preconceito: uma mulher de idade e de respeito não pode faturar alto, ainda que por uma causa justa, masturbando homens anonimamente.
Maggie/Irina, diante da intolerância, acaba se revelando uma mulher guerreira, que toma o destino nas próprias mãos.
Apesar do tema polêmico, Irina Palm equilibra humor e drama, tornando plausível uma trama que, em um primeiro momento, pode soar inverossímil. A interpretação contida e inteligente de Marianne, além do bom roteiro, tem bastante a ver com isso. GGGG