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Uma das ilustrações de Carla Caffé para o livro Av. Paulista: obras de arte que convidam a “descobrir” prédios paulistanos | Reprodução
Uma das ilustrações de Carla Caffé para o livro Av. Paulista: obras de arte que convidam a “descobrir” prédios paulistanos| Foto: Reprodução

A série

Saiba mais sobre os títulos que fazem parte da coleção coeditada pela Cosac Naify e o Sesc SP

- Cidade dos Deitados, de Heloisa Prieto com ilustrações de Elizabeth Tognato (60 págs., R$ 35). Ambientado no Cemitério da Consolação. Aventura narrada por uma garota, que entra em contato com seres de outro mundo depois que um pneu do carro fura na noite de sexta-feira 13.

- Montanha-russa, de Fernando Bonassi com ilustrações de Jan Limpens (60 págs., R$ 35. Ambientado em um parque de diversões. História retrata um encontro de gerações nos dias de hoje em que um pai que viveu a adolescência durante a ditadura militar convive com o filho de 13 anos

- Surfando na Marquise, de Paulo Bloise com ilustrações de Daniel Kondo (72 págs., R$ 35). Ambientado no Parque Ibirapuera. O protagonista da narração descritiva é o próprio parque, enquanto as placas e sinais gráficos contam a história que se passa no dia 25 de janeiro

- Av. Paulista, livro-imagem de Carla Caffé (56 págs., R$ 49). Ambientado na Avenida Paulista. A maior avenida de São Paulo, que tem mais de cem anos, na ponta do lápis. A autora percorre a via de ponta a ponta e destaca prédios famosos da capital

Na internet:www.operaurbana.com.br Fonte: Cosac Naify (www.cosacnaify.com.br)

  • Cada título da série é acompanhado de um libreto com informações úteis e inusitadas

A Cosac Naify e o Sesc SP criam uma coleção de livros para adolescentes com a ideia ousada de ensinar os leitores a explorar o espaço urbano e a se relacionar com ele. O nome da série, Ópera Urbana, se deve aos libretos que acompanham cada um dos títulos, feitos de informações e serviços relacionados às regiões em que se passam as histórias.

"A coleção nasceu com a dobradinha Surfando na Marquise e Cidade dos Deitados. Pensei na premissa de Balzac, que discutia o gênio da cidade, o espírito do espaço urbano sempre repleto de histórias acontecendo em simultâneo. Assim como os escritores franceses elegeram sua capital como cenário e personagem, pensamos em fazer o mesmo com São Paulo", explica Heloisa, que define os libretos como "almanaques poéticos". Ela escreveu Cidade dos Deitados, ambientado num cemitério e ilustrado por Elizabeth Tognato.

A ideia para a coleção partiu de Heloisa, que a levou à Cosac Naify. Lá, o editor Augusto Massi bancou o projeto e o ampliou, envolvendo o Sesc de São Paulo.

O ilustrador Daniel Kondo, responsável pelas imagens de Surfando na Marquise (o texto é de Paulo Bloise), diz que a participação do Sesc deu à série a qualidade de "ação cidadã".

A proposta – inédita no Brasil e no exterior, segundo Kondo – consegue aliar literatura (os livros), informação (os libretos), ações (as oficinas que ocorrem somente na capital paulista) e internet (com uma página alimentada por colaboradores que são os leitores do site) para se tornar uma "ferramenta de cidadania".

Fernando Bonassi, autor de Montanha-russa com o ilustrador Jan Limpens, gosta do fato de a série ensinar formas de curtir a cidade. "Se fizermos qualquer pessoa, de qualquer idade, reparar na cidade em que vive e entender-se como parte dela, teremos acertado", diz o escritor.

O libreto que acompanha Av. Paulista, de Carla Caffé, é de fato um guia de prédios importantes na mais célebre via paulistana, fala de cinemas, livrarias e bancos e conta histórias breves. O visual do libreto é arrojado e as fotografias, surpreendentes.

Já a obra de Carla Caffé, o único livro-imagem da série até aqui, é uma obra de arte. Ela vê a Avenida Paulista com uma lente surreal. Os traços e as cores reinterpretam endereços famosos – como o Conjunto Nacional e o Museu de Arte de São Paulo (Masp) – e o resultado é semelhante a vê-los pela primeira vez.

"Gosto da ideia de humanização do espaço urbano", diz He­­­­loisa. O livreto de Cidade dos Dei­­­­tados traz um mapa do Ce­mitério da Con­solação, indicando os mortos ilustres enterrados no local – de Mon­­teiro Lobato a Tarsila do Amaral. Além de listar peças teatrais, livros, filmes e poemas que tratam da morte.

Montanha-russa, sobre um pai e um filho que interagem no parque de diversões, tem informações curiosas sobre as maiores montanhas-russas do mundo e do Brasil e os filmes em que elas aparecem. Alguém lembra que, em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977), Woody Allen diz que viveu a infância numa casa debaixo de uma montanha-russa?

O Parque Ibirapuera pode ser considerado o protagonista de Surfando na Marquise, em que as ilustrações de Daniel Kondo tentam reproduzir, a partir do estêncil, o efeito de imagens pintadas nos muros desgastados da cidade. O livreto é um guia ótimo e inclui um mapa do parque, mais dados sobre os pavilhões e os museus (Afro Brasil e de Arte Moderna). Há uma relação de parques importantes de outras capitais do mundo e até um inventário dos maiores problemas do Ibirapuera – entre eles, o lixo espalhado pelo chão.

Os quatro primeiros livros da Ópera Urbana estão ligados a São Paulo, mas o plano é estender a ideia para outras metrópoles do país.

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