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Se para os espectadores já é difícil dar conta da variedade da programação do 15.º Festival de Teatro de Curitiba, imagine então como funciona a rotina de quem trabalha na cobertura dos espetáculos, mais especificamente dos jornalistas que vêm de outros estados para contar a seus leitores mais detalhes sobre a maratona teatral curitibana... Nada fácil, é o mínimo que se pode dizer.

Vindos a convite da organização do evento, repórteres, críticos e fotógrafos dos principais veículos brasileiros têm de se desdobrar para realizar uma cobertura abrangente do FTC, conciliando, muitas vezes, seus prazos de entrega de matérias aos horários dos espetáculos.

Para evitar perder o mínimo de montagens há até quem adiante a tarefa antes de seguir viagem rumo à capital paranaense. É o caso do jornalista Valmir Santos e da repórter-fotográfica Lenise Pinheiro, ambos do jornal Folha de São Paulo. Na semana anterior ao início do FTC, os dois passaram alguns dias no Rio de Janeiro, onde assistiram a espetáculos que estariam em cartaz no festival, como Fala, Zé!, A Mulher Desiludida, Bakulo, Pode Ser Só o Leiteiro Lá Fora e Dragões. "O planejamento da cobertura é uma contradição, pois ele em si também é caótico. Mas a viagem nos ajudou bastante", conta o repórter.

Ao chegar em Curitiba, a dupla então passou a trabalhar em matérias mais temáticas sobre os espetáculos que ainda não haviam visto, além de tentar estabelecer relações entre as montagens. "Procuramos algumas amarrações, como espetáculos em espaços não-convencionais (piscina, hotel, boate, ônibus). Pinçamos também uma personagem peculiar do cinema brasileiro, a Vanja Orico, que está no Fringe e atuou no clássico O Cangaceiro, de Lima Barreto, um filme de 1953", conta Santos.

Especializado na cobertura de teatro desde 1992, Santos cobre essa área na Folha de São Paulo desde 1999, além de integrar o júri paulista do Prêmio Shell de Teatro. Tamanha bagagem profissional já o fez acumular certos macetes quando o assunto é FTC. O repórter, que vem assistindo, em média, três espetáculos por dia, busca conhecer grupos, dramaturgos ou diretores de outros estados por meio das peças em cartaz no Fringe, além, é claro, de tomar precauções para não ficar exausto antes do tempo. "A gente precisa cuidar também em se alimentar e repousar o máximo no pouco tempo que dispomos durante os 11 dias", revela.

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