Marcelo Camelo e seu “Sou”

Marcelo Camelo sobe ao palco do Teatro Positivo hoje para apresentar o repertório de Sou, seu primeiro trabalho-solo. O ex-Los Hermanos – a banda está em "recesso indeterminado" – trabalhou durante oito meses para compor 14 faixas e escolheu seus parceiros a dedo. Gravou com Hurtmold, banda instrumental paulista que vem ganhando espaço com seu pós-rock, e Rob Mazurek, trompetista norte-americano que já trabalhou com grupos como Tortoise e Stereolab.

Fãs de Los-Hermanos da fase pós "Anna Júlia" devem contentar-se com a apresentação de Camelo, pois na primeira parte do disco há muito dos álbuns Bloco do Eu Sozinho (2001) e Ventura (2003), maiores sucessos dos músicos cariocas. Nas últimas faixas, surgem sambas e alegres marchinhas quase carnavalescas, algo que pode surpreender os desavisados ou os que ainda não ouviram o disco, lançado pelo selo Zé Pereira.

As canções foram criadas desde o momento da separação do grupo, formado também por Barba, Bruno Medina e Rodrigo Amarante – este, aliás, trava uma batalha silenciosa pelos louros da carreira solo pós-Los Hermanos. O guitarrista está em turnê com Little Joy, sua nova banda, que conta com Fabrízio Moretti, baterista dos Strokes.

"Quando vi que tinha um acúmulo de canções, me deu vontade de gravá-las. Em geral, não faço música para um disco ou projeto, mas sim por hábito e necessidade", disse Marcelo Camelo à Gazeta do Povo, em entrevista realizada na ocasião do lançamento do álbum.

Muitas das canções ganharam novos arranjos para serem apresentadas no palco. O resultado já causou uma catarse coletiva na Universidade Federal de Pernambuco, onde foi realizada a primeira parada da turnê, que segue pelo país afora, sem data para terminar. "Não fazia idéia de que o show teria essa recepção, mas achei lindo", disse Camelo, que, apesar do curto tempo entre o lançamento do álbum e a primeira apresentação, ouviu seu público cantar a maioria das faixas em coro.

Tendo em vista a legião de fãs da banda em recesso, a reação não deve ser diferente por aqui. Ainda que quase sussuradas, algumas faixas do novo disco, executadas ao vivo, devem se transformar e fazer com que o público curitibano se levante e cante junto com o hermano barbudo.