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Marcelo D2 foi radiografado e a imagem revela não apenas o rapper, mas também o skatista, o marido, o pai, o filho, o sambista, o empresário, o peladeiro e até mesmo o fora da lei. O responsável pelo exame é o jornalista Bruno Levinson, que está finalizando o livro "Vamos fazer barulho", biografia autorizada do ex-líder do Planet Hemp.

— A minha idéia original era uma coleção com uma pessoa de Minas escrevendo sobre o Skank, alguém de Recife falando sobre o Chico Science e por aí vai — conta Levinson, que também é produtor cultural e assina o festival Humaitá Pra Peixe, que acontece em janeiro. — Só que, por diversos motivos, o projeto não foi adiante. Acabou só rolando o meu livro.

Diferente do polêmico "Roberto Carlos em detalhes", de Paulo César Araújo, que desafinou aos ouvidos do Rei e pode render ao autor um processo, o livro de D2 não corre o risco de gerar uma dor de cotovelo entre as duas partes.

— O Marcelo é meu camarada — explica Levinson. — Sou padrinho do filho dele, fui assessor de imprensa do Planet no começo e já fizemos vários trabalhos juntos. Quando falei sobre o livro, ele adorou a idéia e deu sinal verde.

Levinson avançou na idéia no momento em que D2 estava parado na contramão.

— Comecei o livro há uns três anos, quando ele machucou o joelho jogando uma pelada. Ele teve que ser operado, ficou de molho, e aproveitei esse tempo dele parado para dar início ao livro.

Em busca do perfil perfeito, Levinson deu ao livro uma estrutura diferente das biografias comuns.

— Eu não queria aquele formato clássico, quase romanceado, do tipo nasceu no dia tal, fez isso, fez aquilo. Tentei achar um formato diferente, misturando reportagens sobre alguns momentos recentes da vida dele, com depoimentos de pessoas que tem a ver com o Marcelo, como a mãe, Paulete, e suas esposas, a atual e as duas anteriores, e outros depoimentos, de pessoas não tão próximas dele.

Entre as que, aparentemente, estão numa onda diferente estão o juiz Siro Darlan, que já acusou Marcelo D2 de fazer apologia das drogas, e o empresário Alexandre Accioly.

— O Siro Darlan deu um depoimento que considerei surpreendente. Ele admitiu que realmente não gostava do Marcelo do Planet Hemp, mas disse que era fã do Marcelo que é ligado ao samba e à música brasileira.

Bruno Levinson garante que, mesmo sendo uma biografia autorizada, "Vamos fazer barulho" não vai ter apenas aplausos para D2.

— Tem gente também falando dos defeitos dele. Tem horas em que eu mesmo me pego falando que ele é atrasado e furão. A própria mãe dele me disse que já passou muita fome por causa do Marcelo, já que ele marcava almoçar com ela e só chegava na hora do jantar (risos).

Entre as reportagens especiais feitas por Bruno para o livro — que incluem desde o acompanhamento de uma sessão de fisioterapia até os bastidores da gravação do disco "Acústico MTV" — há uma que revela uma nova etapa do relacionamento entre o autor e o biografado: os dois planejam abrir uma casa de shows.

— A gente tem essa idéia há um tempão e estamos quase lá. Falta só confirmar um parceiro e investidor. É o lado empresário do Marcelo.

O termo radiografia é o preferido de Levinson quando se refere a "Vamos fazer barulho", que deve chegar às livrarias no primeiro semestre de 2007, pela Ediouro.

— Eu gosto de pensar que o livro é mesmo uma radiografia, um retrato do Marcelo, muitas vezes nas palavras dele mesmo, mostrando quem é, de onde veio e para onde quer ir. É uma memória contemporânea, como diz o (poeta) Chacal. Não é uma biografia definitiva. Daqui a algum tempo, alguém vai poder fazer a seqüência desse livro. Acho legal isso: escrever sobre um artista no seu apogeu e não quando ele está no ostracismo ou já morreu.

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