A cultura portuguesa, por mais rica e interessante que seja, é ainda muito pouco difundida no mundo. Além do escritor José Saramago, primeiro autor do idioma de Camões a vencer o prêmio Nobel de Literatura, poucos lusitanos conseguem transpor as fronteiras da Península Ibérica e ganhar o reconhecimento merecido. O grupo Madredeus, portanto, é uma honrosa exceção.
Espécie de ícone cultural de Portugal desde o fim da década de 80, o quinteto português apresenta-se amanhã em Curitiba, no Estação Embratel Convention Center, a partir das 21 horas. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, Pedro Ayres Magalhães, líder e um dos fundadores do Madredeus, disse que uma das principais missões do conjunto é levar o nome e a cultura de seu país a mares nunca dantes navegados. E nada melhor do que a linguagem universal da música para estabelecer essa ponte.
O compositor explica que, ao mesmo tempo em que muitos encontram dificuldade em classificar a obra do Madredeus, empregando termos genéricos e até certo ponto redutores como new age e world music, a essência das sonoridades está nas raízes mais profundas da musicalidade lusitana, nos violões, lirismo e paixão pelo mar. E não há como falar do grupo sem mencionar a voz etérea e única da vocalista Tereza Salgueiro, descoberta ainda na adolescência quando cantava fados nas noites de Lisboa.
Em sua primeira apresentação em Curitiba, apesar de esta já ser a nona visita ao Brasil, o quinteto vai apresentar canções de seus dois mais recentes CDs, Um Amor Infinito e Faluas do Tejo, ambos lançados no mercado brasileiro pela gravadora EMI. Não devem faltar, entretanto, músicas importantes na trajetória do conjunto, iniciada em 1987, com o álbum Os Dias de Madredeus.
Angola
Quando indagado sobre o que teria impulsionado a carreira internacional do conjunto, Magalhães cita o longa-metragem O Céu de Lisboa (1994), do cineasta alemão Wim Wenders (de Paris Texas e Asas do Desejo). O roteiro do filme foi construído praticamente em torno das canções do Madredeus, sobretudo da voz de Tereza Salgueiro, que desempenha um dos personagens da trama: uma cantora, é claro. A produção serviu como uma espécie de cartão de visitas do Madredeus, que hoje faz, em média, de 50 a 60 shows por ano, já tendo passado por mais de 30 países.
A última fronteira a ser desbravada foi a de Angola, ex-colônia portuguesa na África, incluída na turnê atual do grupo. Segundo Magalhães, a sensação de tocar para uma platéia que domina o idioma das canções é única. Estabelece-se, explica, uma cumplicidade singular que transcende a língua. Amanhã é uma chance de descobrir do que isso se trata.
Serviço: Madredeus. Amanhã, às 21 horas, no Estação Embratel Convention Center Piso Poty (Avenida Sete de Setembro, 2.775 Shopping Estação). Ingressos de R$ 80 a R$ 150. Informações pelo telefone (41) 2101-9611.
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