
A atriz, documentarista e jornalista Maria Ribeiro está correndo nas últimas semanas: as gravações intensas para o final da novela Império, que termina na próxima sexta-feira (13), a impediram de conceder entrevista para a reportagem sobre o livro Trinta e Oito e Meio, lançado pela editora Língua Geral.
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Ela, hiperativa assumida, também é uma das integrantes do programa Saia Justa, do canal pago GNT, e acerta os últimos detalhes do lançamento nacional nos cinemas do documentário Esse É Só o Começo do Fim da Nossa Vida, que acompanhou a última turnê da banda Los Hermanos (ela conheceu os rapazes na PUC, quando fazia Jornalismo).
A ausência da conversa com Maria não foi exatamente um problema: é possível saber bastante sobre ela lendo o seu compilado de crônicas (publicadas em jornais como O Globo e na revista TPM), ilustradas por Rita Wainer. Quatro delas são inéditas.
Maria não gosta de verão, Carnaval e floresta (mas acabou indo morar no mato, convencida pelo marido, o também ator e companheiro de novela, Caio Blat). Ela, aliás, sabe que é saudável trabalhar com pessoas diferentes, mas se diz “viciada” em fazer projetos, filmes e novelas com amigos.
Livro
Maria Ribeiro. Ilustração de Rita Wainer. Língua Geral, 168 pp., R$ 35.
A atriz também se sentiu plena após ser mãe (tem dois filhos), mas reconhece que a maternidade é difícil – para ela, a maratona de cuidados nos primeiros 40 dias é pesada. “Mais punk que isso, só excursão para Disney, com escala em Miami”, diz.
Mas a autora não é, nem de longe, uma “reclamona” em suas crônicas.
A comicidade e a leveza com que trata dos temas que a incomodam é envolvente. Não é à toa que Trinta e Oito e Meio está na lista dos mais vendidos em redes de livrarias.
A maneira com que a autora trata as coisas de que gosta são tão deliciosas de ler quanto aquelas que a perturbam: Maria adora ar-condicionado, estabelecimentos 24 horas, roupas novas e gente – não há nenhuma paisagem que a atraia mais do que pessoas (ela conta que se debruça sobre a história de taxistas, o rapaz do pão na chapa, e nunca termina uma entrevista sem saber sobre a vida de seu entrevistador).
Também montou seu “kit de sobrevivência”, que inclui de amigos, filhos e marido até analista e suco verde.
Coragem
A irreverência com que Maria escreve aproxima quem lê suas crônicas: é admirável a coragem de admitir certas coisas que parecem fúteis, como o gosto por uma roupa nova, o consumismo ou a “vitória” com as pequenas metas (como não comer o pote inteiro de sorvete de uma só vez).
Impossível não se identificar ou se sentir um pouco amiga da Maria.
Temas
Nas crônicas, Maria Ribeiro admite que não gosta de verão e revela um interesse “patológico” na capital francesa:
Natureza
“Nunca gostei de mato. Tenho medo de escuro, pouco pulmão pra trilhas e sou absolutamente dependente de estabelecimentos 24 horas. Durmo em paz sabendo que no mundo em que vivo existem a TV a cabo, as emergências dos hospitais e os alimentos industrializados.”
Verão
“Eu não me orgulho do que vou dizer, mas não gosto do verão. Pior: eu temo o verão. E me sinto humilhada por ele, como se não estivesse à altura de sua leveza e descompromisso e tivesse que ser feliz num volume que não sou capaz.. No Rio, não frequentar a praia é quase um desvio de caráter. Mas considero frescobol tão difícil quanto física nuclear. E só gosto de suar por contraste, sabendo que um banho se aproxima.”
Paris
“Não sou uma globe-trotter. Longe disso. Mas fui à França 23 vezes. E em todas elas passei por Paris. Isso quando não fiquei somente e exclusivamente na cidade. É patológico. Sempre que penso em viajar, antes mesmo que minha massa cinzenta consulte seus dados sobre os lugares que já decidi conhecer para tornar-me um ser humano minimamente interessante, já estou no Marais.”
Roupa
“Uma roupa nova é um mundo que se abre. Quando experimento um macacão da Andréa Marques e me olho no espelho, passo a ser imediatamente outra pessoa. Alguém que dança e se diverte, alguém que ri alto e fala coisas inteligentes, alguém que eu quase sou. Comprar uma bolsa nova é um ato político, é você querendo ser outra, puro inconformismo.”
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