Os artistas
Saiba mais sobre Marília Vargas e André Mehmari:
Marília Vargas
Discípula de Neyde Thomas (1929-2011) e de Montserrat Figueras (1942-2011), é uma cantora mais conhecida no exterior do que por aqui. Ao mesmo tempo que tem uma enorme ligação com a performance de música barroca, segue os passos de Montserrat, que também era especialista em música barroca e medieval e também cantava o "cancioneiro" espanhol e catalão. Marília faz o mesmo, emprestando sua técnica primorosa para uma releitura da música folclórica brasileira. Neste CD, seu colorido vocal apresenta uma inacreditável variedade e uma dicção impressionante.
André Mehmari
Nascido no mesmo ano que Marília (1977) é um artista excepcional. Com inúmeros discos gravados no exterior, apresenta qualidades raramente encontradas entre os pianistas mais próximos da música popular: uma sonoridade altamente refinada, uma técnica pra lá de perfeita e um espectro de dinâmicas tão vasto quanto o de um pianista especializado em Chopin ou Schumann. Em resumo, André Mehmari é um dos melhores pianistas brasileiros, seja lá de qual área, com um atout: uma inventividade harmônica e uma criatividade composicional que o fazem um instrumentista "inclassificável", mas absolutamente imprescindível.
O CD Engenho Novo, com a cantora Marília Vargas e o pianista e compositor André Mehmari é um lançamento brilhante desde seu nome: engenho novo. Sim, é um "engenho novo" revitalizar as canções (folclóricas ou não) brasileiras com acompanhamentos e harmonias de uma tal criatividade que torna as antigas melodias merecedoras de um novo interesse.
São melodias imortais, que ganham um novo impulso, não só a partir de harmonias muitas vezes inusitadas, mas com citações que estabelecem um diálogo entre diversos setores da nossa música. Em meio a "Nesta Rua", Mehmari, de forma bem sutil, introduz algumas das mais melancólicas frases das Bachianas Nº 4 de Villa-Lobos, dando um contorno ainda mais triste para a canção.
O "Engenho Novo" associa a melodia folclórica a citações de Vivaldi: genial. Os arranjos de "Casinha Pequenina" e "São João Dararão", e sobretudo de "Na Loja do Mestre André" são de uma beleza impressionante. Quando falo de "diálogos" entre diversos setores da música brasileira reputo de espantoso o diálogo entre Chiquinha Gonzaga e Waldemar Henrique, afinal de contas, "O Uirapurú" deste último tem neste CD o "Corta Jaca" da compositora carioca como base de sua introdução. E não falta uma releitura de uma obra dela: "Lua Branca", magnificamente cantada por Marília Vargas.
E assim a coisa vai: cada faixa do CD é uma surpresa com a infindável criatividade de Mehmari. E nesta "infindável criatividade" encontramos uma bela canção composta pelo próprio Mehmari: "A Bela de Yu", com texto de um poeta chinês do século 13.
Produção caprichada
Longe de qualquer provincianismo, este CD gravado e produzido em Curitiba tem em sua apresentação outro ponto positivo. Um texto introdutório que demonstra outro talento de André Mehmari (mais um) e o texto (bilíngue) de todas as canções. O som do CD é de um padrão altíssimo (Estúdio Trilhas Urbanas), e a colorida apresentação gráfica que pode levar a uma comunicação imediata com as crianças, para quem este disco também pode se apresentar de forma soberba. Sim, até como instrumento de musicalização infantil este lançamento pode se prestar de forma brilhante.
Engenho Novo pode ser adquirido na loja Fígaro, em Curitiba (R. Lamenha Lins 62), e, futuramente, na loja da Sala São Paulo, na capital paulista e no site da revista Concerto.
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