Foram seis meses enclausurada em casa, em Campinas, trabalhando no disco praticamente sozinha. Com seu segundo álbum, "Arrebatador", finalmente pronto, a roqueira Marise Marra, 36 anos, sentiu o prazer de ter um disco verdadeiramente autoral: ela compôs, cantou, tocou e produziu.
Em setembro, Marise começou a pré-produção do disco num programa de estúdio digital, com 12 faixas autorais. Era praticamente um recomeço, já que, em 2009, quando nove das faixas já estavam bem encaminhadas, uma pane eletrônica apagou todo o trabalho. "Bateu um desespero. Tive de refazer tudo e não tinha intimidade com as músicas. Eu gravava e não ficava tocando, partia para outra. Na hora, pensei que ia esquecer tudo", conta. "Fui refazendo as músicas e pintaram ideias novas".
Com todas as linhas já prontas, com guitarra, baixo, violão de 6 e 12 cordas, Marise chamou o baterista Alan Marques, companheiro de turnê do seu primeiro disco solo ("Noite Proibida", de 2005). Ele criou a parte da bateria e partiu para a gravação.
Num projeto tão seu, Marise não quis outros músicos dando pitacos nas composições. "Sou exigente. O cara teria de ouvir as músicas depois de prontas e reproduzir as linhas. Eu ficaria observando tudo. Sou perfeccionista demais", explica. Foram mais seis meses de estúdio. Dessa vez com a companhia de Alan Marques e o produtor e engenheiro de som californiano Brendan Duffey.
Marise canta sobre o amor e relacionamentos, sem cair na pieguice ou no emocore. Em seu segundo disco, a artista apresenta um hard rock detalhista, com solos e riffs poluídos e bem encaixados. Sua performance com o violão traz frescor em um timbre único. Nascida em Uberlândia (MG), Marise não encontrou objeções da família em seguir carreira no rock'n'roll. No palco, entretanto, teve de vencer resistências. "Muitos vão aos meus shows para ver 'se essa mulher é boa mesmo', ou comentam que 'para mulher, ela até toca bem'. Odeio isso!". E "Arrebatador" prova o talento da moça.
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