A atriz e cantora Marjorie Estiano não mede palavras para declarar seu amor pelo Rio. Mas nem sempre foi a assim. No ar como a carioca Marina na novela "Páginas da Vida", a curitibana de 24 anos demorou a se adaptar ao clima quente da cidade e ao ritmo mais relaxado dos cariocas depois de dois anos na agitada capital paulista.
"Eu adoro o Rio de Janeiro. Essa coisa de geração saúde do carioca me encanta. Mas eu ainda sou um pouco frenética e obsessiva", admite ela, com uma pontinha de saudade da vida paulistana. "O ritmo é outro aqui. O carioca é menos frenético do que o paulista e isso me obrigou a parar um pouco. Quando cheguei, às 8h já queria agilizar as minhas coisas e nada estava aberto ainda. Ou ligava para pedir uma pizza às 2h e nada mais funcionava. Ficava doida da vida com isso", conta a moradora da Barra da Tijuca.
No dia-a-dia, Marjorie já está tão integrada à cidade, que não faz programas turísticos. Pelo menos essa é a desculpa que ela usa para ainda não ter visitado cartões postais, como o Cristo Redentor. "Brinco que já me adaptei tanto ao Rio, que, como a maioria dos moradores, não conheço quase nenhum ponto turístico", diverte-se Marjorie, que prefere a praia em dias e horários vazios. "Fora da hora do rush". "Em Curitiba, se conheço dois ou três pontos turísticos é muito. E ainda devo ter ido com a escola. Mas aqui já fui a Santa Teresa, que adorei, ao Pão de Açúcar e à Lapa."
Aquela coisa típica carioca, da cultura do "passa lá em casa" ou "vou te ligar", seguidos de encontros e ligações que nunca acontecem, além da intimidade gratuita das pessoas, seja na praia ou na mesa de bar, também assustou Marjorie. "Em Curitiba, as pessoas são muito fechadas. Em São Paulo, são um pouco mais abertas. E aqui elas são totalmente entregues, é uma coisa descarada", ri a atriz, que tem nos eventos nas casas dos amigos locais um de seus principais programas de fim de semana.
Rio 40 graus
Sem nunca ter pisado em terras cariocas antes, o mais difícil para a cantora foi o clima Rio 40°. "O clima e o ritmo é mais parecido de Curitiba para São Paulo do que de São Paulo para o Rio. Eu vinha de Curitiba, que é uma cidade fria, me mudei para São Paulo, que é uma cidade um pouco mais quente e vim para esse forno que é o Rio de Janeiro. Foi a parte mais difícil da adaptação."
Forno a dentro, a primeira medida foi atualizar o guarda-roupa ao calor da nova cidade. "Acho que o costume carioca que eu mais incorporei foi a maneira de vestir. Em Curitiba, posso contar no dedo as vezes em que usei chinelinho. Estava sempre de meia ou pantufa. Aqui no Rio a forma de se vestir é quanto menos, melhor", diz ela, de saia e camiseta, durante a entrevista num antigo antiquário e hoje tradicional bar de samba da Lapa, reduto da boemia carioca.
Samba no pé, aliás, é uma das questões pendentes na agenda carioca da curitibana. "Nunca tinha visto uma escola de samba de perto. Fui à quadra do Salgueiro e achei emocionante aquela vibração, o chão tremendo. Não vou dizer que aprendi a sambar, mas tenho o meu jeito de sambar. Mas, confesso, que não tenho isso no sangue", entrega, resignada, mas com planos de deixar a musicalidade carioca influenciar sua música.
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