Liam Gallagher: “Não me incomodam de jeito nenhum os pedidos de fotos e autógrafos. Só leva cinco minutos. Eu tiro fotos, eles compram meus discos. Eles me dão uma vida boa, é isso”| Foto: Antônio Costa/Gazeta do Povo

Curiosidades

Saiba mais sobre a passagem da banda do Oasis por Curitiba:

Generoso - Vestido com uma das criações de sua grife, Pretty Green (um sobretudo impermeável, desenhado por ele mesmo), Liam Gallagher parece ter mesmo gostado do público curitibano. Em um determinado momento do show, jogou seu característico pandeiro meia-lua para a plateia, coisa que não fez em nenhuma cidade brasileira.

Jesus - Rechonchudo, de barba e cabelos compridos, o tecladista da banda, Jay Darlington (ex-Kula Shaker) foi, em tom de brincadeira, apontado pelos integrantes da banda como o responsável pela chuva durante o show na capital paulista – ele lembra uma imagem sacra de São Pedro. Em Curitiba, o músico "subiu de posto". Foi apresentado por Liam à plateia como sendo "Jesus".

Pinhais - Muitos foram os elogios do público à infra-estrutura da Arena Expotrade. De ruim mesmo, só o engarrafamento na saída do show. No entanto, lá e cá, era possível ouvir alguém suspirando: "Bem que poderia ter sido na Pedreira".

CARREGANDO :)

Duas horas antes de subir ao palco do Expotrade, anteontem em Pinhais, Liam Gallagher – principal vocalista do Oasis – conversou com a reportagem da Gazeta do Povo. Vestindo camiseta branca, calça jeans e calçando sapatos que imitavam pele de onça, Liam chegou acompanhado de um segurança particular, mas despido de todo e qualquer adjetivo negativo que o persegue.

"Cansado, eu? Não mesmo. Essa turnê está sendo fantástica. Na noite passada [sábado], em São Paulo, fizemos um dos nossos melhores shows. Só teve um idiota que jogou algo no palco e estragou um pouco", diz, de maneira paradoxalmente cordial, o músico de 36 anos.

Publicidade

O Oasis chegou a Curitiba no domingo pela manhã. E a sua visão sobre a cidade limitou-se às possibilidades da janela do 14º andar do hotel em que se hospedaram. "Pelo que vi se parece com a Inglaterra. Esses prédios e avenidas grandes são como em Nova Iorque. Gostei", explica Liam, batendo constantemente uma garrafa de água na mesa a sua frente.

Quinze anos depois de Definitely Maybe, primeiro disco do Oasis, Liam continua cantando "Rock’n Roll Star" com a vigor. A música abriu o show dos britânicos em Curitiba e reafirmou a posição do vocalista. "Sim, me sinto com um astro, sem dúvidas. Uma estrela, mas não uma estrela do rock. O que é o rock-and-roll? Me sinto parte importante do Oasis, e isso é bom", explica Liam.

As aventuras adolescentes do astro parecem ter ficado lá no fim dos anos 1990. E o reflexo disso é perceptível de forma musical. Liam considera os dois últimos discos do Oasis trabalhos mais maduros e "preocupados". Talvez por isso mesmo tenham superado e muito os discos posteriores a Be Here Now (1997).

"Hoje eu aprecio mais o que faço. Quando você é jovem – ao menos para mim, no meu mundo –. você quer viver no limite e ter algo em que se agarrar. Você precisa dizer às pessoas quem você é. Mas hoje eu sou maior do que isso, do que a música em si. Não passo noites inteiras bebendo, por exemplo".

O irmão Noel anunciou que está com um disco-solo pronto, fato que não surpreendeu Liam, mas abalou o tom da conversa e das respostas. "Ele diz isso o tempo todo. Se ele fez, ele fez e pronto. Acho que ele tem muitos fãs na banda que talvez esperem por isso, mas estamos no meio da turnê, não sei se é o momento certo para falar disso. Se ele quer fazer, que faça essa p*** logo. Se não fizer, posso fazer um antes. Tenho uma porção de músicas que renderiam um disco", explica Liam.

Publicidade

Se, no palco, Noel já se aproxima do jeito Paul McCartney de ser – anteontem cantou músicas em formato acústico –, o irmão mais novo continua a gostar do barulho e da energia do rock. "Eu gosto é de estar com minha banda no palco. Sessões pocket e apresentações na tevê me dão vontade de vomitar", diz o britânico, fã das conterrâneas bandas Kasabian e Free Peace – "os caras da Peace são meio Led Zeppelin, sabe?".

Já ao fim da conversa, depois de entornar duas garrafas de água mineral, Liam fala sobre a relação com fãs do Oasis – "não me incomodam de jeito nenhum os pedidos de fotos e autógrafos. Só leva cinco minutos. Eu tiro fotos, eles compram meus discos. Eles me dão uma vida boa, é isso" –, exalta seus companheiros de banda – "o Andy Bell [baixista, ex-Ride] eu tenho que dizer, é um dos melhores músicos do mundo. Gem Archer... ninguém toca guitarra como ele. E o Chris [Sharrock] é impressionante – e debocha de um dos maiores ídolos da música inglesa. "O Morrissey perdeu seu lado rock e se transformou em uma velha chata."

Liam levanta-se, estica o braço para cumprimentar o jornalista e, com muita simpatia, diz suas últimas palavras: "Se cuide, cara".