Altos e baixos
Heróis do segundo escalão da Marvel já estrelaram produções bem-sucedidas com o público e com a crítica e outras nem tanto:
Howard, o Super Herói (1986)
Fenômeno dos quadrinhos em meados da década de 1970, o filme levava o pato anarquista da editora para o cinema. Nem mesmo o dedo de George Lucas conseguiu salvar a produção, um fracasso de bilheteria.
O Justiceiro (1989)
O sueco Dolph Lundgren tingiu a cabeleira e estrelou esse clássico das reprises das madrugadas sobre um policial aposentado que faz justiça com as próprias mãos. O personagem voltou às telas em 2004 e 2008.
Blade, o Caçador de Vampiros (1998)
Wesley Snipes interpreta um vampiro que consegue andar durante o dia e caça seus semelhantes durante a noite. O primeiro e o segundo filme se tornaram sucesso de público, mas o fracasso do terceiro encerrou a franquia no cinema.
Elektra (2005)
Considerado uma das piores adaptações de quadrinhos de todos os tempos, o filme era um spin off de Demolidor (2003). Jennifer Garner vive a ninja em uma trama sem pé nem cabeça.
Motoqueiro Fantasma (2007)
Outro título bastante criticado pelos fãs. Nicolas Cage protagoniza a história de um motoqueiro que faz pacto com o demônio e se torna uma caveira em chamas. A produção teve uma sequência em 2012.
10 filmes estão planejados pela Marvel Studios até 2019. A lista inclui sequências de Os Vingadores e Capitão América, além de novas franquias como o Homem Formiga e Dr. Estranho. Além dessas produções, a editora também deve ter personagens em filmes de outros estúdios, que detêm os direitos de adaptação. É o caso de O Espetacular Homem Aranha 3 (Columbia Pictures), X-Men: Apocalipse (Fox Film) e um novo Quarteto Fantástico (Fox Film).
No fim dos anos 1990, a Marvel Comics passava por maus bocados no meio de disputas judiciais e dívidas que quase a levaram à falência. Uma das saídas para a crise veio de um personagem do submundo de suas histórias em quadrinhos. Em 1998, Blade O Caçador de Vampiros, baseado em um coadjuvante do gibi A Tumba de Drácula, se tornaria o primeiro sucesso de um personagem da editora.
De lá para cá, a empresa se reergueu e se tornou uma potência cinematográfica, lançando dois arrasa-quarteirões por ano. O último da safra recente é Guardiões da Galáxia, que estreia na próxima quinta-feira, 31, no Brasil. Como em Blade, o time de protagonistas da produção dirigida por James Gunn (de Super) é formado por figuras praticamente desconhecidas fora do universo dos fãs.
"Lembro de ler pouco sobre eles quando criança. Eram tramas bem lado B da Marvel", comenta o desenhista Marcelo Di Chiara, que assinou histórias do Homem-Aranha e do Homem de Ferro e hoje dá aulas de quadrinhos na Espaço de Arte, em Curitiba. "Para mim, eles nunca tiveram o peso de um Quarteto Fantástico ou dos X-Men", complementa.
História
O investimento em personagens obscuros para o cinema foi consequência de decisões administrativas da empresa. Em Marvel Comics A História Secreta, o jornalista norte-americano Sean Howe relata que desde que assumiu a direção da editora, no fim dos anos 1960, o roteirista Stan Lee sempre teve pretensão de levar os heróis da editora para o cinema.
O problema é que os estúdios de Hollywood adquiriam os direitos de adaptação, mas não tinham condições de levar o universo dos quadrinhos para a frente das câmeras. "Você já viu o seriado do Homem-Aranha dos anos 1970 ?", questiona o historiador Rodrigo Scama, pesquisador do tema. "Era inviável fazer produções interessantes sem a tecnologia para ter efeitos visuais adequados."
Sem os direitos de seus principais personagens, a editora precisou recorrer ao seu catálogo mais obscuro. O primeiro investimento nesse sentido naufragou feio nas bilheterias. Com produção executiva de George Lucas (diretor de Guerra nas Estrelas), Howard, o Super-Herói (1986) custou US$ 35 milhões e arrecadou apenas US$ 15 milhões.
O fracasso da superprodução fez com que os estúdios recuassem e se arriscassem apenas em projetos menores e com baixo orçamento, como O Justiceiro (1989) e Capitão América (1990). Depois do lançamento de Blade, que encerrou o período de vacas magras da editora, estava livre o caminho para a estreia de X-Men (2000), Homem-Aranha (2002) e Hulk (2003).
O sucesso das adaptações levou a criação da Marvel Studios, que iniciou um projeto de universo integrado no cinema, com O Homem de Ferro (2008), Thor (2011) e Os Vingadores (2012). "Os personagens desconhecidos se tornaram uma boa maneira de criar novas franquias e experimentar linguagens", avalia Liber Paz, que pesquisa quadrinhos em seu doutorado.
Aposta mais ousada da empresa, Os Guardiões da Galáxia deve abrir as portas para outros personagens que geralmente ficam no banco de reservas. É o caso de O Homem Formiga e Dr. Estranho, previstos para estrear até 2018. Os super-heróis que não ganharem espaço no cinema podem ser aproveitados na televisão, como nas já anunciadas séries de Luke Cage, Jessica Jones e Punho de Ferro, produzidas pelo Netflix.
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