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Sem preconceitos: o pianista Brad Mehldau vai de Thelonious Monk a Oasis, passando por Radiohead, Nick Drake e Chico Buarque | Divulgação
Sem preconceitos: o pianista Brad Mehldau vai de Thelonious Monk a Oasis, passando por Radiohead, Nick Drake e Chico Buarque| Foto: Divulgação

Pianista graúdo, Brad Mehldau se apresenta no próximo dia 29, em São Paulo. Ele costuma ter dois camaradas que o acompanham, o baixista Larry Grenadier e o baterista Jeff Ballard, mas o espetáculo desta vez não será do trio e sim de Mehldau sozinho ao piano.

Essa situação faz lembrar um de seus melhores discos, Live in Tokyo, de 2004, com versões para músicas de Nick Drake ("River Man" e "Things Behind the Sun") e Radiohead ("Paranoid Android", com arranjos impressionantes para funcionar só com o piano – uma proeza difícil de esquecer).

Embora seja influenciado pelo pianista Thelonious Monk – autor de clássicos como "’Round Midnight" e "Epistrophy" –, Meh­­ldau costuma ser comparado a Bill Evans, mais provavelmente por ser branco do que pelo estilo de tocar. Conjugando standards do jazz, composições próprias e canções do universo folk e rock – além de flertar com o erudito –, ele criou uma espécie de marca pessoal: consegue transitar pelos gêneros que o agradam e sempre leva o público consigo.

Nerd

O pianista de 40 anos pode ter cara de nerd e ser identificado com o jazz, mas a atitude é rock-and-roll, com direito a tatuagem e tudo. Além da pendência para gravar sucessos de bandas como Oasis e Soundgarden, ele se contorce ao piano fazendo caretas como se arrancasse tripas do instrumento.

Nas apresentações, fala o es­­tritamente necessário e não precisa mais. Não faz o tipo carismático que brinca com a plateia. Prefere sentar, baixar a cabeça e tocar.

Ele acaba de lançar um novo tra­­­balho, Highway Rider, pela gravadora Nonesuch, só de composições próprias. Se este servir de base para o espetáculo na Sala São Paulo, dá para torcer por interpretações de "Don’t Be Sad" e "The Falcon Will Fly Again", duas das melhores do disco.

Highway Rider é o sucessor de Live (2008), um álbum duplo entre os vários que gravou no porão do Village Vanguard, em Nova York (foram pelo menos cinco em toda a sua discografia). Não que isso seja um problema. Suas performances ao vivo estão entre as melhores que se pode ouvir no universo do jazz atual, algo a ver com os solos engenhosos e arranjos surpreendentes de Mehldau.

Em sua quarta passagem pelo Brasil, arrisca tocar alguma composição para agradar o público. Se for vê-lo, torça para ouvir "O Que Será", de Chico Buarque. É lindo o que ele fez com a música.

Serviço: Brad Mehldau. Sala São Paulo – Tucca (Pça. Julio Prestes, 16 – Campos Elíseos, São Paulo – SP), (11) 2344-1051. Dia 29, às 21 horas. Ingressos de R$ 60 a R$ 150.

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