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Marca de Turnê é a originalidade | Divulgação
Marca de Turnê é a originalidade| Foto: Divulgação

São Paulo - Que o francês Mathieu Amalric é um grande ator não é mais novidade. Ele já era um nome respeitado no cinema europeu, mas foi seu extraordinário desempenho em O Escafandro e a Borboleta (2007), do norte-americano Julian Schnabel, que o transformou em uma referência internacional. Ele arrasa no papel do jornalista Jean-Dominique Bauby, aprisionado no próprio corpo depois de um derrame fulminante, que o paralisa quase completamente, à exceção de um dos olhos, com o qual se comunica com o mundo.

Nem os fãs mais fervorosos de Amalric, no entanto, esperavam que sua estreia por trás das câmeras de um longa-metragem – ele já havia assinado curtas – fosse tão impactante: Turnê, em cartaz na 34.ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, lhe deu o prêmio de melhor direção na edição deste ano do Festival de Cannes. E com todo o merecimento.

O filme mostra os bastidores da excursão pela França de um espetáculo de cabaré neoburlesco, reunindo um elenco de artistas dos Estados Unidos. São cantoras extravagantes, dançarinas exóticas, strippers performáticas ou ar­­tistas circenses? Tudo isso e muito mais. É difícil descrever o que a trupe faz em cena, ou mesmo fora dela. O fato é que ela lota teatros e boates, sobretudo de mulheres que querem escapar da realidade por um par de horas.

Amalric se autoescalou para o papel central de Turnê, o empresário da companhia Joachim Zand, um sujeito meio picareta, que já viveu seus dias de glória, caiu em desgraça, fugiu para os Estados Unidos e agora retorna à França para um ajuste de contas. Ele é pai de dois filhos que mal conhece e que acabam viajando com o grupo. Em sua terra natal, Zand tem muito mais desafetos, senão inimigos, do que aliados, mas ele aposta tudo nessa última cartada.

A marca principal de Turnê é a originalidade, que vai do roteiro, capaz de captar a urgência e o colorido de uma faceta mambembe do showbiz, à direção segura e inventiva de Amalric, que fez um filme pulsante, nervoso e exuberante. Não se parece com nada visto nos cinemas nos últimos anos.

E se Zand é um personagem fascinante, com seu bigodinho calhorda e sua falta de ética, o elenco do show que comanda não fica muito atrás. Até porque os artistas da companhia são, de fato, oriundos da cena neoburlesca americana. Já com distribuição garantida no Brasil, a estreia de Amalric anuncia o surgimento de um diretor surpreendente, que merece ser acompanhado de perto daqui para frente.

O jornalista viajou a convite da Mostra

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