Logo de cara, Pedro Amorim, diretor de Mato sem Cachorro, que estreia sexta-feira em todo o país, vai dizendo que não quis pegar carona na onda de comédias que vêm fazendo barba e cabelo nas bilheterias brasileiras. "Nada contra, não", diz o diretor, mas faz questão de frisar que seu filme é diferente, a começar pelos protagonistas, Bruno Gagliasso e Leandra Leal, atores pouco identificados com o gênero cômico.
Em entrevista à Gazeta do Povo, concedida por telefone, de São Paulo, onde participava de uma coletiva de divulgação do longa-metragem, Amorim explica que Mato sem Cachorro faz rir, é engraçado, sim. Mas não tem no humor seu único e mais forte atrativo. O diretor prefere definir seu filme como uma história de amor, uma comédia romântica no sentido mais clássico do gênero.
Gagliasso vive o papel de Deco, um sujeito tímido e atrapalhado, definido por Amorim mais como um anti-herói do que propriamente como um mocinho clássico. Ele vive com a descolada Zoe (Leandra) uma intensa paixão, mas o relacionamento entra em crise, justamente em decorrência da inabilidade do protagonista de se impor como homem.
"Esse personagem, um cara em crise de autoestima, foi um desafio para mim. Fiz um intervalo de dois anos na minha carreira na televisão justamente com o objetivo de fazer cinema, tentar novos caminhos. Deco é muito isso, um personagem diferente dos que eu já vivi, mas que tem essa coisa da composição, de não ser convencional, algo que também busco fazer na tevê", contou Gagliasso, que, por coincidência, acaba de voltar à telinha no papel de seu primeiro protagonista, Franz, o "mocinho" de Joia Rara, novo folhetim das 18 horas da Rede Globo.
Leandra, que também conversou com a reportagem da Gazeta do Povo, diz que Mato sem Cachorro a atraiu por ser um filme com um roteiro bem escrito, inteligente e uma história cativante. "É aquela trama do casal que se conhece, se apaixona, entra em crise e se separa, para depois voltar, mas isso tudo é contado de forma muito própria. É um filme fofo, mas não é bobo". E, é claro, não podemos esquecer do cachorro.
Sim, como anuncia o título, o longa-metragem de Amorim traz um cão em um dos papéis principais da trama, algo incomum no cinema nacional. "Cresci vendo, e chorando, com os filmes do Benji. Sempre quis contar uma história com cachorro", diz o diretor.
Quando Deco e Zoé se separam, após dois anos de união, o cão, cujo nome é Guto, fica com a dona, o que deixa o rapaz mais inconformado e deprimido. Afinal, ele é uma espécie de símbolo do amor do casal. Para piorar as coisas, a moça reata com o antigo namorado Fernando (Enrique Diaz), um empresário do ramo animal.
É quando entra em cena Leléo, primo de Deco, vivido por Danilo Gentili (ex-CQC), que tem a missão de reforçar o tom cômico de Mato sem Cachorro, com estreia prevista em mais de 400 salas. "Mas o filme não é, de forma alguma, uma sucessão de gags. Minhas referências são outras: Tatit, Buster Keaton, Chaplin, e as comédias românticas clássicas do Billy Wilder, do Howard Hawks, sem esquecer do cinema mais pop, de filmes como Curtindo a Vida Adoidado", reforça Pedro, irmão do também diretor Vicente Amorim (de Corações Sujos) e filho do atual ministro da Defesa Celso Amorim.
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