Exposição
David Bowie
Museu da Imagem e do Som de São Paulo (Av. Europa, 158, Jardim Europa), (11) 2117-4777. Inauguração amanhã. Visitação de terça a sexta-feira, das 12 às 21 horas; sábados, das 10 às 21 horas; domingos e feriados, das 11 às 20 horas. Ingressos antecipados a R$ 25, à venda pelo site www.ingressorapido.com.br. Na bilheteria do MIS, os bilhetes custam R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada). Às terças-feiras a entrada é franca. Até 20 de abril.
David Bowie fixou-se no topo do mundo pop recusando definições. Cantor, compositor e produtor, foi além das fronteiras da música, interpretou papéis como ator e exerceu influência determinante nas artes visuais, na moda e no design. Referência justamente nestas áreas, o Victoria & Albert Museum inaugurou em Londres, em março de 2013, a exposição David Bowie Is. Concebida pelos curadores Geoffrey Marsh e Victoria Broackes, a mostra trazia no título "incompleto" uma pergunta implícita: "Quem é David Bowie?". Amanhã, a exibição chega ao Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, e com ela a possibilidade de cada visitante descobrir o seu Bowie. Além da exposição, o MIS apresenta em fevereiro uma mostra com 21 filmes, todos com a participação do Camaleão, que celebra 50 anos de carreira em 2014.
"Além de não ser possível defini-lo, David Bowie Is indica que ele está aqui, no presente", defende Marsh, apesar de no Brasil a mostra chamar-se apenas David Bowie. "Ele está vivo, se transformando."
Desde que foi contratado e lançou seu primeiro single ("Liza Jane", de 1964), o artista não parou de se reinventar e surpreender. No ano passado, interrompeu um hiato de dez anos e lançou, sem aviso, The Next Day, que disputou o Grammy e concorre ao Brit Awards. Em 1964, Bowie ainda respondia pelo nome de batismo, David Robert Jones. Foi em 1966 que adotou Bowie e fez dele o primeiro de seus muitos personagens: Tim White Duke, Major Tom, Ziggy Stardust...
Mutante
O astro mutante tem seus muitos perfis traçados na exposição e num livro repleto de imagens e textos analíticos que a acompanha, coeditado pelo MIS e pela Cosac Naify. Para dar conta dos movimentos e rupturas da mais multifacetada persona do pop, a mostra apresenta cerca de 300 objetos do Arquivo David Bowie, espalhados por 19 ambientes, em três andares.
"É a primeira mostra ou evento que leva a público esse acervo", diz Marsh.
Entre as relíquias, serão expostos manuscritos de letras como "Fame", "Ashes to Ashes", "Fashion" e "Lady Stardust" assim como instrumentos musicais, entre eles o seu primeiro saxofone, um Grafton de acrílico branco, e o violão Harptone de 12 cordas usado para tocar "Space Oddity", em 1969. Chamam a atenção também os 47 figurinos originais usados por Bowie. Estão lá o macacão de vinil "Tokyo pop" feito por Kansai Yamamoto para a turnê Aladdin Sane, de 1973; o conjunto multicolorido de Ziggy Stardust e o terno azul claro usado num curta para Life on Mars?, desenhados por Freddie Burretti em 1972; e a sobrecasaca da bandeira britânica criada pelo estilista Alexander McQueen e pelo próprio Bowie (foto à esq.), em 1997, para a capa e a turnê do disco Earthling. "São peças muito frágeis, incríveis de serem vistas", diz o curador.
Se a primeira parte da mostra revela a juventude de Bowie nos anos 1960 e a segunda foca no processo criativo do artista, a última seção propõe uma imersão audiovisual na obra do autor de canções como "Sound and Vision", e que "antes da maioria de seus contemporâneos", frisa Marsh apostou que os recursos visuais eram tão fundamentais quanto suas letras e melodias.
"Bowie é conhecido como um popstar da música, mas ele é muito mais do que isso", diz Marsh. "Por exemplo, Lady Gaga veste roupas diferentes o tempo todo, mas ela não concebe ou pensa num personagem. Bowie sempre conceituou e criou um todo. Ele é um ator treinado, um mímico, um manipulador, sobretudo da mídia. Ele sempre foi fascinado por isso."