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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Caetano Veloso tem uma invejável capacidade de desafiar as expectativas e, a despeito de seus 65 anos, se reinventar. Tanto que continua conquistando novas gerações de fãs. Cê, o CD lançado pelo compositor baiano em 2006, é prova disso: transformou-se em objeto instantâneo de culto por parte da imprensa. Fechou o ano passado com o prêmio de melhor disco de MPB, concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).

A atmosfera roqueira e a sonoridade jovial conquistaram também o público. Cru e bastante orgânico, sem firulas, Cê teve (e tem) o grande trunfo de apresentar um Caetano como nos velhos tempos. Inquieto, provocativo e sem medo de errar. E há muito ele não lançava um disco tão sexual.

Entre os destaques do CD, a excelente qualidade da banda que o acompanhou na gravação do álbum. O mesmo time músicos, sob o comando de Moreno Veloso, filho do compositor, marca presença no álbum e DVD Multishow Ao Vivo Caetano Veloso Cê,registro do show do artista, captado na Fundição Progresso (RJ) em 12 de junho de 2007.

No disco e no DVD, que está sendo lançado nesta semana, o baiano consegue uma proeza. Ao contrário do que acontece na maior parte dos casos de artistas que transformam álbuns em registros ao vivo, Caetano supere a obra original.

Para montar o roteiro do show, Caetano selecionou as melhores músicas do CD anterior – os rocks "Odeio" e "Rocks", a balada "Não Me Arrependo" e a viajante "Minhas Lágrimas". Também incluiu canções de antigos discos, sobretudo daqueles com uma faceta mais roqueira, que combinassem com o clima indie de Cê. Do clássico Transa (1972), incluiu a super-irônica "Nine Out of Ten". A belíssima "O Homem Velho" foi resgatada de Velô, um dos melhores álbuns que lançou na década de 80.

No "cardápio" de Cê ao Vivo há apenas uma faixa inédita, mas a música foi o suficiente para, no melhor jeito Caetano de ser, gerar alguma polêmica e barulho na mídia, quando do lançamento do CD, há algumas semanas. Trata-se da balada "Amor Mais Que Discreto" (leia letra nesta página), que fala da paixão entre dois homens de forma delicada, discreta até, mas bastante clara.

E não faltam ao show alguns hits, inevitáveis para levantar o público, nem sempre familiarizado com as canções mais recentes. Estão no repertório "London, London", "Sampa", "Desde Que o Samba É Samba" e a bela "Como Dois e Dois". A canção – um dos pontos altos do CD e do DVD, por conta do inventivo arranjo – resgata o presente dado por Caetano a Roberto Carlos nos anos 70. É emocionante. GGGG

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