Nada menos do que 31 novos títulos da Coleção Aplauso serão lançados amanhã (28) na 32ª Mostra de Cinema de São Paulo, com direito a noite de autógrafos - mais que nunca no plural - com a presença de biografados, autores e ainda o crítico e comentarista Rubens Ewald Filho, coordenador da coleção, e Hubert Alquéres, presidente da Imprensa Oficial e idealizador da Aplauso.
Numa coleção que já soma 156 lançamentos, teatro e cinema são artes presentes tanto pela publicação de peças e roteiros, quanto pela escolha dos realizadores retratados na série perfis. Não raro, essas duas formas de arte disputam espaço na biografia de um mesmo artista, por exemplo, Leonardo Villar, ator formado pela EAD, que iniciou sua carreira no palco do TBC e cujo talento alcançou repercussão internacional graças à sua atuação no filme "O Pagador de Promessas".
Seu perfil está entre muitos outros - Beatriz Segall, Cleyde Yáconis, Raul Cortez, Maria della Costa, Miriam Mehler, Sônia Oiticica - já editados anteriormente.
Curiosamente cinema e teatro se unem não exatamente na carreira de Walmor Chagas, mas na narrativa do livro "Ensaio Aberto para um Homem Indignado". Afinal, trata-se da biografia de um homem de teatro escrita por um cineasta, Djalma Limongi, e isso se reflete, por exemplo, na forma como o autor analisa a persona desse ator na sua extrema adequação à atuação diante das câmeras.
Desta vez, os lançamentos trazem nomes de grande importância para a cena teatral como Celso Nunes, o diretor da inesquecível montagem de "As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant", e Isabel Ribeiro, atriz de teatro e cinema, a musa de Rubens Correa no Teatro Ipanema. Sem dúvida Walmor Chagas é um desses artistas e sua biografia, bem escrita, de leitura fluente, dá conta da dimensão de sua contribuição à cena teatral brasileira.
Ao escolher bem o que contar - o autor não se perde em detalhes pessoais e só os aborda quando seu interesse salta o campo privado para o público, como a parceria amorosa com a atriz Cacilda Becker - Limongi justifica uma das frases escritas por Walmor para o solo "O Homem Indignado": "Ando misturando demais as coisas na minha cabeça velha, as minhas coisas e as coisas do meu País e as coisas do mundo, tudo ligado, grudado, a craca que a velhice carrega na memória."
Ações importantes como a construção do Teatro Ziembinski na zona norte do Rio com a intenção de ser um pólo de desenvolvimento da dramaturgia brasileira ou momentos de crise como o fracasso na interpretação de "Hamlet" ou ainda o brilho já no longa "São Paulo Sociedade Anônima", de Luis Sérgio Person integram essa narrativa que se lê num fôlego e cujo interesse extrapola a história de um ator - talentoso, inteligente e culto - para ser reflexão sobre a arte teatral brasileira.