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Fotografia

Memórias da água

Exposição da finlandesa Eeva-Liisa Isomaa abre hoje à noite no Museu Oscar Niemeyer (MON) e revela a relação da artista com as paisagens de seu país

 | Divulgação/Eeva-Liisa Isomaa
(Foto: Divulgação/Eeva-Liisa Isomaa)
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Ao retratar cachoeiras, rios e o mar na Finlândia, a artista evoca tradição do romantismo nas artes de seu país |

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Ao retratar cachoeiras, rios e o mar na Finlândia, a artista evoca tradição do romantismo nas artes de seu país

A dificuldade do idioma – não se percebe qualquer semelhança entre o português e o finlandês – dissipa-se quando Eeva-Liisa Isomaa abre seus livros. Um sorriso surge no rosto e percebe-se o olhar saudosista sobre as imagens que mostra a cada página folheada.

Esses gestos são universais e não necessitam tradução. Todos nos sensibilizamos de alguma forma com imagens do passado cada vez que abrimos antigos álbuns de fotografia. Nos "álbuns" de Eeva, há a referência de sua infância, em um vilarejo no Vale do Rio Tórnio, em Ylitornio, no norte do país escandinávio.

O Diário da Água, exposição da artista, abre amanhã para visitação no Museu Oscar Niemeyer (MON) e revela sua relação com as paisagens, todas envoltas em água – cachoeiras, rios e o mar.

Suas obras são compostas por fotografias sobrepostas, impressas em diversos materiais transparentes como a seda. Outra característica são as cores frias – também reflexo da região onde vive –, como o preto, o chumbo e o verde, mostrando o ambiente bucólico da exposição.

Os livros não serão manuseados pelos visitantes, e talvez as imagens não sejam tão atraentes, afirma Eeva. "Elas relembram sentimentos. Cada paisagem remete a alguma lembrança das pessoas". Ela ainda explica que a sobreposição de imagens simula as mudanças às quais as próprias paisagens estão sujeitas. "Uma paisagem nunca é igual o tempo todo. Está sempre mudando", completa.

Seus livros de memórias são lidos da mesma forma como o cérebro codifica as imagens, associando a elas diversas lembranças, de forma não-linear. "É como vemos as imagens na nossa mente. Diversas conexões são feitas. Paisagens e lembranças se misturam."

Além dos tecidos, a artista utiliza o acrílico e placas de metal como suporte dos conteúdos gráficos. Em alguns de seus livros – que chegam a medir três metros de altura – são utilizadas as mesmas técnicas usadas há mais de 500 anos, época dos primeiros livros impressos.

Finlândia e Brasil

É a primeira vez que a artista plástica vem ao Brasil, e encantou-se com Foz do Iguaçu. "Pude ver diversas paisagens relacionadas ao meu trabalho", diz Eeva. O curador da mostra é o brasileiro Edson Cardoso, casado com uma finlandesa (Helena), que vive na capital Helsinque há seis anos. Desde 2004, o casal traz exposições de artistas da Finlândia para o Brasil – e vice-versa –, por meio da Arte Vira Arte (AVA), galeria administrada pelos dois.

Helena acompanhou a entrevista e explicou que a ideia de trazer Eeva à cidade faz parte de um projeto de intercâmbio entre os dois países. O Fundo Finlandês de Intercâmbio de Arte (Frame, da sigla em inglês) patrocinou a exposição, com o apoio da embaixada da Finlândia no Brasil. Eles pretendem abrir um instituto cultural que permita ampliar este intercâmbio, para que outros artistas possam vir ao Brasil, explica a esposa do curador.

Embora pouco conhecida por aqui, Eeva é considerada a sucessora da tradição de pintura de paisagem romântica do século 19, renovada com técnicas de arte gráfica. Na verdade, ela prefere dizer que suas obras aproximam-se das pinturas do período, mas admite que as influências românticas são notórias.

Em 1998, foi premiada em duas bienais internacionais, uma no Japão, na cidade de Sapporo, e outra na República Checa, na capital Praga.

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