Um time de estrelas da China e do Japão se reuniu em Tóquio para promover "Memórias de uma gueixa", o primeiro filme de Hollywood com grande orçamento a apresentar um elenco formado quase que inteiramente por atores asiáticos.

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Mas, perto da estréia mundial, algumas pessoas do Japão perguntavam por que a prata da casa foi excluída dos papéis principais em um filme que celebra a singular cultura japonesa.

Comentários ásperos vieram também da China, onde o sentimento amargo pela ocupação japonesa em partes do país entre 1931-45 tornou inaceitável para alguns a idéia de uma chinesa no papel de uma gueixa.

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Inspirado em um best-seller, patrocinado por Steven Spielberg e dirigido por Rob Marshall (ganhador do Oscar por "Chicago"), "Memórias de uma gueixa" gerou enorme interesse da mídia.

O elenco asiático conta com a chinesa Ziyi Zhang no papel de Sayuri, a filha de um pobre pescador que se transforma em uma lenda do misterioso mundo do entretenimento de Kyoto nos anos 1930. Os outros dois papéis principais são protagonizados por Gong Li, também da China, e pela atriz malaia Michelle Yeoh. Os atores japoneses ficaram com os papéis secundários.

"Memórias...", que supostamente custou US$ 85 milhões, não pode se dar ao luxo de esnobar os espectadores japoneses, o segundo maior mercado para os filmes de Hollywood.

Mas alguns japoneses já expressaram descontentamento com o que vêem como uma incompreensão das sutilezas dos trajes tradicionais e danças em um filme rodado em grande parte em um estúdio da Califórnia.

"Segundo esse filme, a gueixa dança de uma maneira bizarra, como se estivesse em um show de strip-tease em Los Angeles", disse um espectador em um blog da internet, acrescentando que a iluminação e os efeitos especiais lembravam mais a Las Vegas moderna do que a antiga Kyoto.

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"Deveríamos boicotar esse filme e enviar uma mensagem clara a Hollywood. Por que motivo eles fizeram um filme zombando dos japoneses, quando não podem passar sem a gente?", continuava o blog.

Os bloggers chineses também estavam indignados.

"Ela vendeu sua alma e traiu seu país. Estraçalha-la não seria o bastante", dizia um blogger, referindo-se a Zhang.

Com um vestido branco e o cabelo preso, a atriz disse em uma concorrida entrevista coletiva que via o filme como um passo adiante para os atores asiáticos.

- Estou realmente grata a Rob Marshall por nos dar a incrível chance de mostrar ao mundo inteiro a habilidade dos atores asiáticos - disse na segunda-feira. - Podemos fazer bem mais do que as pessoas pensam.

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Em Kyoto, o centro das artes tradicionais japonesas, a reação foi mais discreta.

- É um filme de Hollywood. É apenas entretenimento, o que podemos fazer? - disse um funcion rio da Kyoto Traditional Musical Art Foundation, que promove a música, a dança e outras artes do Japão antigo. - Hollywood sempre fez coisas como ignorar a história.

- Reclamar sobre o filme apenas vai chamar mais atenção para ele, então pretendemos ignorá-lo - acrescentou, dizendo que a fundação recusou pedidos para participar de eventos promocionais relacionados à première.