A Marca da Água tem como protagonista a premiada atriz Patrícia Selonk (à esquerda)| Foto: Divulgação
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A Marca da Água

Teatro da Reitoria (R. XV de Novembro, 1.299), (41) 3360-5066. Dias 28 e 29, às 21 horas. R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada). Classificação indicativa: 14 anos.

O Armazém tem uma história íntima com o Festival de Teatro de Curitiba, que o grupo londrinense frequenta desde 1997. Os 25 anos de companhia estável, hoje instalada no Rio de Janeiro, dizem muito a respeito do tema de A Marca da Água, espetáculo que o coletivo apresenta hoje e amanhã na Reitoria. A memória – o que escolhemos lembrar e as "edições" que a mente faz do passado – é protagonista desta e das duas peças anteriores do grupo, Antes da Coisa Toda Começar e Inveja dos Anjos, ambas apresentadas em festivais passados com ótima repercussão.

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"A memória é uma questão central na vida. A gente vive de contar histórias, e assim afirma que está vivo", diz o diretor Paulo de Moraes, que falou a jornalistas ontem, no Memorial de Curitiba.

Desta vez, esse "estado de recordação" é detonado por uma doença neurológica que acomete a personagem Laura (Patrícia Selonk), desde a infância. Uma cirurgia a ajudou a viver normalmente, mas agora, aos 40 anos de idade, ela sente novamente sintomas que tinha quando criança. Entre eles, o fato de ouvir uma música continuamente. Tudo isso detonado pelo surgimento de um peixe em seu jardim.

"Começamos investigando a água dentro do corpo, na cabeça, e a coisa subiu para o cérebro... então construímos a narrativa", confessa Moraes.

O diretor frisa que a trama, no fundo, não é o mais importante. "São delírios e lembranças. O passado dela vai ganhando nitidez, enquanto seu presente fica opaco. Ao invés de procurar a cura, ela embarca no que está sentindo para viver de forma mais completa."

Música

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A presença da música ligada à doença da mente é abordada na obra do biólogo Oliver Sachs, que serviu de fonte para o grupo durante a pesquisa para a montagem da peça.

E a trilha sonora tem um papel fundamental nos trabalhos do grupo desde 2007, quando, em Mãe Coragem e Seus Filhos, todos tiveram interesse em tocar instrumentos – o que vêm fazendo com a ajuda do diretor musical Rico Viana.

Em A Marca da Água, há uma cena em que cinco atores tocam acordeões, acompanhados por violão, num arranjo de Viana que materializa o som que a protagonista ouve repetidamente.

Premiada com troféus importantes do teatro brasileiro, como o Prêmio Shell (etapa Rio de Janeiro, na categoria texto, para Maurício Arruda e Paulo de Moraes), a companhia paranaense alcança agora sua oitava participação no Festival de Curitiba.

Esgotadas

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Com o início do festival, as filas para comprar ingressos tornaram-se frequentes nas bilheterias instaladas nos shoppings Barigui, Palladium e Mueller. Até ontem, estavam esgotadas as entradas para A Arte e a Maneira de Abordar Seu Chefe para Pedir um Aumento, O Médico e o Monstro, Em Nome do Jogo, Esta Criança (incluindo a sessão extra), O Espelho, Haikai e O Líquido Tátil.

Interação em mesas de bar

Consagrados no Prêmio Shell pelos seus 28 anos de pesquisa, o grupo paulista Lume se apresenta hoje e amanhã, às 21 horas, no Centro de Eventos Sistema Fiep, com Os Bem Intencionados. A peça é uma reflexão de um grupo de artistas sobre a profissão, e se passa em um ambiente de bar/cabaré, que será recriado no espaço. O espectador, portanto, é participante das cenas, que acontecem entre as mesas. "Nosso foco nesses anos é estudar as diversas maneiras de lidar com o público", explica o ator Ricardo Puccetti. Segundo o ator Carlos Simioni, a plateia perceberá aproximações e distanciamento. "Tem horas que o espectador participa, e depois assiste a uma pequena cena, como se estivesse no sonho do personagem." Ainda há ingressos disponíveis.

Palavra ritmada

Pansori Brecht Ukchuk-ga é uma versão sul-coreana de Mãe Coragem e Seus Filhos, de Bertolt Brecht, que terá apresentações hoje e amanhã, no Teatro Positivo. A peça, com duração de cerca de duas horas e meia, traz a artista JaRam Lee, que canta no estilo tradicional de seu país, o pansori, desde os 4 anos de idade. Com legendas em português, ela cantará e interpretará uma história inspirada na saga de uma mulher que atravessa os horrores da guerra. Com o acompanhamento de percussão tipicamente asiática, o espetáculo promete um show de palavra ritmada e a oportunidade de conhecer uma tradição pouco difundida no Brasil. À Gazeta do Povo, JaRam contou ter sido muito aplaudida em apresentações anteriores em países ocidentais.

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