Aclamado como um dos melhores espetáculos de 2011 pela crítica nacional, O Jardim, do jovem dramaturgo Leonardo Moreira, estreou na quinta-feira na mostra oficial do Festival de Teatro de Curitiba, com sessão lotada no Cietep (Av. Comendador Franco, 1341), e tem mais duas seções neste sábado, às 19h e às 21h. A apresentação confirma a trajetória da peça que rendeu ao diretor o seu segundo Premio Shell de Teatro Etapa São Paulo consecutivo de melhor autor. Inventiva em termos de estrutura narrativa, a montagem, que tem como tema central a memória, também emociona o público com sua saga familiar vista em três momentos distintos, todos encenados simultaneamente.
Dividido em blocos de caixas de papelão, o cenário de Marisa Bentivegna também premiado com Shell separa cada um dos fragmentos da história: quando Thiago e Fernanda se separam, em 1938; quando Thiago será mandado para um asilo por causa do Alzheimer, em 1979; e quando Aline, neta de Thiago, está deixando a casa com o jardim onde tudo se passa. Dependendo da posição que o espectador assume na plateia também dividida, ele assiste a uma das cenas que, durante o espetáculo, vão se revezando no palco fragmentado. Ao mesmo tempo, as caixas que dividem o cenário vão, pouco a pouco, sendo retiradas, abrindo espaço para reminiscências de cada momento da história e provocando a memória do espectador, que pode se envolver com algumas das situações apresentadas na peça.
O Alzheimer e a esquizofrenia foram os pontos de partida para a construção do espetáculo que se vale, também, de recordações do diretor e do elenco do grupo criado por ele em São Paulo, a Companhia Hiato, transformadas em ficção embora os personagem tenham os nomes dos próprios atores. É desse material humano que se serve Moreira para falar sobre a memória a das lembranças perdidas, passadas e presentes em uma estrutura que, como a própria memória, é composta por momentos que coexistem e só fazem sentido quando colocados lado a lado.
Alternando cenas de grande dramaticidade e momentos cômicos, O Jardim é como uma metáfora sobre a vida e sobre como nos lembramos, ou não, dela. Com elenco afinado destaque para as atuações de Fernanda Stefanski, a mulher abandonada por Thiago em 1938; Paula Picarelli, a empregada da neta de Thiago em 2011; e de Edison Simão, no papel de um Thiago velho, acometido pelo Alzheimer, em 1979 a peça cativa o público, que sai tocado pela sensibilidade da montagem e com a delicadeza que explora os seus temas.
Em agosto, O Jardim retorna a Curitiba dentro do Festival Palco Giratório do Sesc. As datas das apresentações não foram, ainda, confirmadas.
SERVIÇOO Jardim. Centro de Exposições Horácio Sabino Coimbra Cietep (Av. Comendador Franco, 1341), (41) 3271-7719. Hoje, às 19h (sessão extra) e às 21h. R$ 50 e R$ 28 (meia-entrada mais taxa).
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