
Santa & Domenica é a décima montagem da companhia curitibana Vigor Mortis. Por coincidência, ficou pronta no momento em que o grupo dirigido por Paulo Biscaia Filho completa dez anos.
A peça entra em cartaz amanhã, no Teatro José Maria Santos, como parte de uma mostra comemorativa, que inclui também os "blockbusters" do grupo, Morgue Story Sangue, Baiacu e Quadrinhos (2004) e Graphic (2006).
Feita "só de birra", com dinheiro do próprio bolso e no momento em que sobrou um tempinho, a peça é mais enxuta da companhia. Nasceu da vontade de atriz Rafaella Marques, que incentivou Biscaia a escrever o texto e ensaiá-lo em menos de dois meses.
O cenário escolhido é a cozinha de um restaurante, onde convivem a proprietária, Domenica (Karla Fragoso), e a chef, Santa (Rafaella Marques), ex-estelionatária. As intrigas começam quando as duas recebem um casal de investidores aos poucos, descobre-se que os novos personagens foram casos amorosos das protagonistas.
Ao contrário de Morgue Story e de Graphic, no entanto, Biscaia avisa de antemão: "Não vai morrer ninguém". Mas a peça não nega a raça: com discrição, reúne características típicas do trabalho da Vigor Mortis como a influência do cinema, da cultura pop e o "riso culpado" aquele que "cometemos" diante de situações trágicas. As projeções de vídeo desta vez servem apenas para auxiliar na transição das cenas e do tempo, já que os flashbacks são freqüentes.
O diretor conta que se inspirou nos filmes O Balconista, de Kevin Smith (1994), e Thelma e Louise, de Ridley Scott (1991). "Esta é uma peça para meninas mau-comportadas. Por isso, a violência e o humor agora estão no texto, na fala das protagonistas".