Eles balançaram o mundo, mas quando começou a limpeza em nove locais do mundo onde aconteceram os shows com o tema da mudança climática, muitas pessoas questionaram se os artistas estão fazendo o suficiente pelo ambiente.
A mídia dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha deram grande destaque no domingo para o Live Earth, megaconcerto organizado pelo ex-vice presidente dos EUA e ativista verde Al Gore que, apesar de ter seguido o modelo do Live Aid e do Live 8, gerou uma resposta menos positiva.
Os jornais da Alemanha ficaram mais animados com os shows de sábado destinados a pressionar líderes a assinarem um novo tratado até 2009 que cortaria a poluição que cria o aquecimento global, em índices de 90 por cento em países ricos e em mais da metade no mundo inteiro até 2050.
Diversos artigos examinaram as credenciais ecológicas dos artistas, incluindo Madonna, cujas "pegadas de carbono" anuais foram estimadas em cerca de 100 vezes a mais do que a média britânica.
O tablóide News of the World, jornal de maior venda na Grã-Bretanha, detalhou as estimativas de emissões de carbono de Madonna em suas nove casas, frota de carros, do jato particular e da turnê Confessions. Ela foi chamada de "catástrofe da mudança climática".
O jornal The Sunday Telegraph citou reportagens publicadas nos EUA sobre seus supostos elos com empresas acusadas de serem grandes poluidoras.
A porta-voz da cantora na Grã-Bretanha não estava disponível de imediato para comentar, mas em comunicado publicado no Independent deste domingo sua porta-voz de Nova York disse:
"O fato de Madonna concordar em cantar no evento Live Earth é somente um de seus primeiros passos no compromisso na direção de ser responsável em relação ao ambiente."
As manchetes negativas tiraram parte do brilho da elogiada apresentação de Madonna no estádio Wembley, em Londres, onde ela cantou a música "Hey You", escrita especialmente para o show, antes de mostrar três de seus maiores sucessos.
A edição do The New York Times deste domingo na Internet mostrou uma pequena foto do evento com a manchete com acesso ao link "Artsbeat Blog". Na Grã-Bretanha, somente o Independent deste domingo publicou algo além de uma simples referência na capa.
Mas na Alemanha, onde Snoop Doog foi um dos artistas que se apresentaram em Hamburgo, o Live Earth dominou as manchetes.
"No final das contas, se não provocou nada além disso, o tema da proteção climática foi muito divertido para dois bilhões de pessoas durante um dia", disse o diário Bild am Sonntag, o jornal de domingo mais vendido no país.
Os organizadores dizem que além das dezenas de milhares de pessoas nos shows, a audiência na televisão, rádio e Internet pode ter chegado a dois bilhões.
Comentaristas lembraram a dificuldade de unir música pop com temas sérios, como o ambiente.
"Mesclar música com uma mensagem séria dá ao show um ritmo pesado", foi a descrição feita pelo Washington Post do evento em Wembley, que teve os artistas mais famosos, como Red Hot Chili Peppers, Metallica e Foo Fighters.
Os intervalos entre as apresentações foram longos. Alguns foram preenchidos por filmes curtos sobre temas ambientais.
Muitos artistas entraram no "espírito da mensagem", pedindo para o público em Sydney, Tóquio, Nova York e Rio de Janeiro cortar sua emissão pessoal de dióxido de carbono e reciclar.
Já o comediante norte-americano Chris Rock expressou o time de descrença de muitas pessoas em relação ao impacto real do Live Earth:
"Rezo para que este evento acabe com o aquecimento global da mesma maneira que o Live Aid acabou com a fome mundial", disse ele em Londres.