A homenagem ao Brasil em Frankfurt vai custar R$ 18 milhões| Foto: Alexander Heimann/Divulgação

As declarações do novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) sobre a participação brasileira na Feira de Frankfurt repercutiram mal no mercado. Em entrevista ao jornal O Globo, publicada no último sábado, o cientista político Renato Lessa disse não considerar ideal o modelo em que o governo financia praticamente todos os custos da homenagem que Frankfurt, o maior evento internacional de negócios de livros, realizado em outubro, fará ao Brasil. Para ele, "algumas questões deveriam estar a cuidado do setor privado".

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O setor privado, por sua vez, discorda. A participação brasileira em Frankfurt é organizada por um comitê de órgãos do governo e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), instituição que reúne editoras, livrarias e outras empresas da cadeia editorial. O problema, para Lessa, está em quem assumiria os gastos. O governo vai entrar com R$ 15 milhões de investimento direto, enquanto outros R$ 3 milhões, que completariam os R$ 18 milhões do orçamento total, viriam de patrocínio ou renúncia fiscal.

Na segunda-feira, Karine Pansa, presidente da CBL, reuniu-se com Lessa. "A CBL e a FBN já são parceiras há algum tempo. Não é verdade que só o governo entra com o dinheiro. Nosso projeto Brazilian Publishers, de incentivo à venda de direitos de livros brasileiros no exterior, existe antes dos investimentos do governo. Além disso, parte dos estandes de Frankfurt não é bancada pelo governo. Do espaço de 500 metros quadrados, 200 serão pagos pelos editores."

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A entrevista de Lessa, que ainda não teve reuniões com os responsáveis por Frankfurt, causou preocupação na Alemanha. Porém, oficialmente, a organização da feira se diz tranquila quanto aos compromissos assumidos pelo Brasil.

"Os planos continuam sendo executados, o Brasil continua trabalhando. Frankfurt, até o momento, não viu nenhuma alteração no que foi combinado", afirma Ricardo Costa, representante da Feira de Frankfurt no Brasil. "A participação de um país convidado em Frankfurt não é só uma questão de livros, há um âmbito cultural maior. Por isso, normalmente, nas homenagens passadas feitas por Frankfurt, os governos se envolveram, sim, com os gastos."

Apesar das reações do mercado, Lessa mantém sua posição quanto aos gastos brasileiros em Frankfurt.

"Eu mantenho a ideia de que o peso maior está no poder público. Na reunião que tive com a CBL, a Karine mostrou o comprometimento que eles têm uma participação na capacitação dos editores, que se soma ao esforço geral, mas é uma participação pequena. Mas o esforço maior ainda é predominantemente do dinheiro público."