Até um filme descaradamente comercial esconde pretensões e precisa de algum rigor se quiser ser um BOM filme descaradamente comercial. Dizem que Ed Wood, criador de Plano 9 do Espaço Sideral, é o pior diretor de cinema da História.
Quem assistir ao filme de Tim Burton em que Johnny Depp interpreta Wood, conhece um homem nada ortodoxo que era honesto em todas as porcarias que fez hoje, suas produções são objetos de culto e, de tão ruins, ficaram boas. Alguém poderia então começar uma campanha para desbancar Wood. Michael Bay para o pior diretor de cinema de todos os tempos!
Se a idéia vingar, talvez, no futuro, seja possível que A Ilha ou Pearl Harbor se tornem filmes cultuados e se descubra, enfim, que Bay era um sujeito incompreendido. Enquanto esse futuro permanece remoto, o lançamento de A Ilha às videolocadoras não chega a ser uma boa notícia. Ewan McGregor é Lincoln Six Echo, morador de uma cidade futurística em que todos usam tênis e agasalhos Puma, e vivem uma rotina de gado, com máquinas avisando a hora de acordar, de comer e de fazer exercícios. Essa comunidade pacífica sonha com a possibilidade de ser sorteada para habitar uma ilha paradisíaca loteria que acontece todas as semanas.
Os problemas começam quando Lincoln passa a questionar a rotina e descobre que a história segundo a qual a Terra foi devastada por um vírus e os habitantes do local asséptico são os únicos humanos que sobreviveram pode não ser verdade e, sim, uma forma de mantê-los presos para outros fins.
Quem administra esse futuro é Merrick (Sean Bean), um cientista ambicioso que sonha com fama e fortuna depois de ter desenvolvido uma forma para resolver questões até então insolúveis da medicina. Nesse ponto, A Ilha ensaia uma discussão sobre eugenia e clonagem, mas desiste no meio do caminho.
As seqüências de ação, razão número um de quem se dispuser a ver o filme, não prestam. Elas são gratuitas e lembram outras tantas de filmes melhores. Nem os atores conseguem sustentar tamanha besteira. Scarlett Johansson faz o par romântico de McGregor e mal abre a boca. Quando abre, é para gritar por socorro ou algo do gênero.
O filmes de Michael Bay costumam render dinheiro. A Ilha não foi tão feliz. Para alguém que começou como diretor de comerciais de tênis (Nike e Reebok), refrigerante (Coca-Cola) e cervejas (Budweiser e Miller), Bay faz filmes que, no final das contas, parecem longos, intermináveis comerciais. Só não fica claro qual o produto está vendendo. Porque cinema, com certeza, não é. G
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