Dois diretores franceses cujas obras têm como marca a preocupação formal, tanto na construção visual quanto na experimentação narrativa, se cruzaram nesta edição do Festival do Rio, que se encerra amanhã na capital fluminense. Leos Carax, revelado na virada da década de 70 para a de 80, e Michel Gondry, apenas três anos mais novo, mas pertencente à geração seguinte, se fizeram presentes com os provocativos Holy Motors e Nós e Eu, respectivamente.
São filmes completamente diferentes, é verdade, mas, curiosamente, têm um traço compartilhado: ambos falam, de alguma forma, sobre mobilidade. O tema, ainda que não seja o principal em nenhum deles, está presente tanto nas histórias contadas como na forma como elas são narradas.
Mais sombrio, e com traços de hiper-realismo, quando não de surrealismo, algo recorrente na obra de Carax, 51 anos, em filmes como Sangue Ruim e A Lua na Sarjeta, Holy Motors é um longa ao mesmo tempo hipnótico e perturbador.
Denis Lavant, que já trabalhou com Carax em filmes como Sangue Ruim e Os Amantes de Pont Neuf, vive o personagem central , o sr. Oscar, um homem que encarna diferentes papeis e, ao longo de sua jornada pelas ruas de Paris, se transforma. Pode ser um assassino, um industrial, um mendigo, um monstro assustador e um pai de família. O espectador tem acesso as suas várias vidas, menos a sua própria. E ele está sempre escortado por Céline, que o transforma em uma limusine cidade adentro.
Segundo Carax, o filme fala sobre a busca de outras experiências, de uma quebra com a mesmice da realidade e do dia a dia. Ele diz que, com a internet, com o mundo digital, tornou-se, de certa maneira, ter diferentes vivências, o que também conecta Holy Motors e Nós e Eu, de Michel Gondry.
Dispositivos
O novo filme do diretor de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças e Sonhando Acordado, hoje com 49 anos, volta ao Estados Unidos para acompanhar uma viagem de ônibus em que adolescentes do Bronx, no último dia do ano letivo, discutem amor, perdas e o futuro. São jovens de perfil multicultural negros, latinos, asiáticos, gays, lésbicas , muitos com problemas familiares, cujas relações já incorporaram o uso de dispositivos digitais e parecem se comunicar, ainda que compartilhem o mesmo espaço físico, também por meio deles o tempo todo.
Gondry, que geralmente recorre a narrativas não lineares, a uma estética sempre inusitada, ligada a suas raízes nas artes visuais, utiliza um tom mais documental, com atores desconhecidos, muitos deles com jeito de amadores. E, embora parta do mais trivial, acaba compondo um painel rico de subjetividades sobre jovens pouco representados por Hollywood, moradores da periferia e cheios de histórias para contar.
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