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Ativistas, artistas e legiões de fãs foram ao funeral de James Brown na Georgia. O corpo do cantor foi exibido num caixão de tampa dourada em frente à James Brown Arena, que foi rebatizada em homenagem ao mais famoso cidadão de Augusta. Brown morreu de ataque cardíaco no dia de Natal, aos 73 anos.

O lendário músico, conhecido como "Pai do Soul", foi vestido com um terno e luvas pretas e uma camisa vermelha. Jóias brilhavam em sua lapela e na ponta de seus sapatos. Uma multidão preponderantemente negra de cerca de 8 mil pessoas lotou a arena para o funeral público e a homenagem ao cantor. Antes, houve um funeral reservado na sexta e a exposição do corpo no Apollo Theater, em Nova York.

Algumas pessoas esperavam desde 21h de sexta-feira para se despedir do ídolo. Uma multidão de fãs desapontados não conseguiu entrar na arena.

- Na minha opinião James Brown é o maior cantor de todos os tempos e eu sou seu fã número 1 - disse Jesse Williamson, de 59 anos, que contou que viu um show de Brown pela primeira vez em 1963. - Minha juventude foi uma época humilhante (para os negros), mas Martin Luther King, James Brown e outros fizeram a diferença - lembrou, fazendo referência à luta pelos direitos civis.

A música de Brown, com seus metais e guitarras bem marcados e seu canto explosivo, levou o funk ao centro das atenções e influenciou o pop a partir dos anos 60. Muitos artistas de hip hop usaram suas batidas como base para suas próprias canções. Astros como Michael Jackson, que marcou uma época com sua dança, tirou muita inspiração do estilo de Brown.

O funeral prevê a inclusão de tributos musicais e discursos. Antecipando o evento, os líderes das lutas pelos direitos civis Al Sharpton e Jesse Jackson apareceram para a multidão e foram recebidos com aplausos. O comediante-ativista Dick Gregory e o cantor MC Hammer também estavam no evento, que foi aberto com um empolgante número de música gospel.

Brown nasceu na Carolina do Sul e cresceu na pobreza em Augusta, começando sua carreira musical como um criminoso juvenil na cadeia. Mais tarde, ele se estabeleceu como o filho mais famoso da cidade e ficou conhecido por suas doações de caridade e por comer em restaurantes locais. A vida do cantor foi turbulenta e em 1988 ele foi preso por três anos por posse de drogas e armas.

Ele teve 119 sucessos, incluindo ""Please, please, please", "Papa's got a brand new bag," "It's a man's world" e "Living in America", mas sua influência musical foi além das paradas de sucesso. Ele começou a viajar na década de 50, no circuito de música negra e blues e sua chegada ao grande público coincidiu com a instensificação da campanha pelos direitos civis. Brown incorporou o orgulho negro com "Say it loud (I'm black and I'm proud)".

- Naquele tempo você conseguia emprego apenas em campos de algodão ou como arrendatário - disse Joe Louis Reliford, que cresceu em Waycross, no sul da Georgia, e viu Brown nos palcos no fim dos anos 50. - James Brown abriu a porta.

Brown, que insistia em ser chamado de Mr. Brown, definiu-se como "o sujeito mais trabalhador do show business" e fez mais de 100 show neste ano. Ele iria se apresentar na festa de Ano Novo da Times Square, em Nova York.

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