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Os quadrinhos já vinham apresentando um bom crescimento nos últimos anos no Brasil, com várias editoras distribuindo os mais variados títulos, de heróis às histórias mais adultas. Mas 2005 pode ser considerado o ano da consolidação do segmento no mercado editorial brasileiro, com o grande investimento das principais editoras da área (Devir Livraria, Conrad, Via Lettera, Ophera Grafica e Ediouro), que lançaram muitas publicações especiais, com edições caprichadas e encardernadas – como a série "Sin City" (Frank Miller), "Watchmen" (Alan Moore/Dave Gibbons), "Orquídea Selvagem" (Neil Gailman/Dave McKean), entre outras. As editoras tradicionais também investiram em quadrinhos, como a Companhia das Letras, que lançou "Maus", de Art Spiegelman.

Fechando a ótima temporada, a Conrad lança este mês "Minha Vida" (136 págs., R$ 49), uma compilação do trabalho de Robert Crumb. A editora – que já colocou no mercado vários títulos do cultuado cartunista americano, como "Fritz the Cat", "Mister Natural", "América", "Blues" – baseia o novo título em quadrinhos e textos retirados da série "The Complete Crumb Comic" e do livro "The R. Crumb Coffe Table Art Book", ambos inéditos no Brasil.

"Quando era criança, eu gostava de desenhar... mas meu irmão Charles me forçava a desenhar quadrinhos! Se não desenhasse quadrinhos, era um ser humano sem valor", comenta Crumb em um dos muitos textos em que fala de sua vida e trabalho. A educação católica e repressora nos anos 50, o desbunde nos anos 60, o envolvimento com drogas, a aproximação com os hippies, a chegada da fama... Tudo é esmiuçado pelo próprio desenhista em suas divertidas tiras transgressoras (tanto em imagens como em textos), que ainda hoje chocam os mais conservadores.

Crumb ainda analisa sua carreira em diversos momentos: "Fiz de tudo para deixar todo mundo feliz no início dos anos 70, e meu traço caiu num padrão estilístico. Perdi a inspiração na qualidade do traço em si. Olhando agora, o trabalho dessa época não é muito atraente para mim". Não é uma obra definitiva sobre o autor, mas sacia a curiosidade dos fãs brasileiros enquanto "The Complete Crumb Comic" e "The R. Crumb Coffe Table Art Book" não são lançado no país – existe a possibilidade de a Conrad publicar uma edição nacional do primeiro no ano que vem.

Tom Strong

Outro grande nome dos quadrinhos que tem novo título editado neste mês no Brasil é Alan Moore, responsável por alguns dos mais clássicos títulos das últimas décadas – "Watchmen", "V de Vingança", "Do Inferno". "Tom Strong – Um Século de Aventura" (208 págs., R$ 45), lançado pela Devir Livraria, traz as aventuras do herói criado em 1999 por Moore para o selo próprio America's Best Comics.

As histórias e os personagens são uma homenagem do escritor às revistas pulp, sucesso de vendas nos anos 20, 30 e 40. Tom Strong foi criado para ser um super-humano pelo pai cientista, vivendo a infância em uma câmara especial, localizada em uma ilha desconhecida. Um acidente mata os pais e ele é criado por uma tribo local, indo para a América nos anos 20 e se mantendo como grande herói e salvador da humanidade até os dias de hoje, enfrentando estranhos vilões. O visual retrô aliado a histórias futuristas dão o tom do interessante título.

Neil Gaiman

Apesar de ter sido publicada há alguns meses, vale lembrar neste fim de ano de "Criaturas da Noite" (60 págs., 14,90), nova obra do consagrado Neil Gaiman (Sandman), com arte de Michael Zulli. É um dos principais lançamentos do ano da Ediouro, que em 2005 entrou definitivamente no mercado de quadrinhos, investindo pesado no lançamentos de vários títulos europeus ("Arthur", "Aquablue", "Nathan Never", "Quark") e na série "Star Wars".

Gaiman apresenta duas histórias em que mantém o seu envolvimento com os temas relacionados à magia e ao mistério. "O Preço", fala de um gato preto enigmático que protege uma casa da invasão de um perigoso ser; "A Filha das Corujas", apresenta uma trama trágica sobre um bebê abandonado em uma igreja e criado isolado do mundo. Também vale destacar os participantes da edição brasileira: a tradução e adaptação dos contos é de Adriana Falcão (roteirista e autora do livro "A Máquina", que originou a peça de sucesso e o filme que será lançado em 2006, ambos de João Falcão) e Tatiana Maciel; o prefácio é do premiado dramaturgo londrinense Mário Bortolotto.

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